Num almoço comício na Marinha Grande (Leiria), onde o congresso do PSD de sábado foi o tema central, Mariana Mortágua começou por afirmar que os sociais-democratas chegaram a este congresso com um legado “de anos sem um único contributo relevante, sem uma única ideia relevante que se distinguisse da maioria absoluta do PS”.
“O PSD chega a este congresso como um partido que se deixou arrastar para o pântano onde abunda a exploração de casos e casinhos, mas onde escassearam sempre as propostas para resolver os problemas de quem trabalha e de quem enfrenta uma vida dura”, apontou.
Mariana Mortágua adiantou que, “face a tudo o que tem sido o PSD nos últimos anos”, vê “com bons olhos a promessa de Luís Montenegro [presidente do PSD] de que vai ser melhor do que tem sido”, mas, ainda assim, “sem muita esperança”, porque deixa uma garantia de que “será o que sempre foi”.
“E nós sabemos precisamente o que é isso, sabemos precisamente o que é um PSD como sempre foi. É um passado de má memória e é um presente sem alternativa à maioria absoluta”, destacou.
Segundo a coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, “o PSD tem uma história que o povo não esquece e que o povo não perdoa”, pois, quando o “momento era mais importante”, o PSD escolheu “aumentar os impostos, escolheu congelar as pensões, mesmo ter prometido fazer exatamente o contrário”.
Para Mariana Mortágua, a história do PSD é também a “da traição aos professores” quando, em 2018, “deu a mão ao PS para evitar a recuperação do tempo de serviço”, defendendo que a força de um partido “está na coerência entre o que diz e o que fez e o PSD não tem essa coerência e, por isso, não tem a confiança de um país que empobreceu às suas mãos no passado”.
A líder do Bloco acusou ainda o líder do PSD de se desmentir a si próprio.
“O líder do PSD no seu congresso diz que ‘o problema mais grave é a habitação'”, lembrou, questionando se há alguém no país que se lembre de “uma só proposta do PSD, para resolver o mais grave problema do país”.
Respondendo que “ninguém se lembra, porque não disse nada, para esconder o que fez e para esconder aquilo que não fez e não quer fazer no futuro”, a líder do Bloco realçou que “tudo o que aconteceu na crise da habitação” tem a marca e a cicatriz do PSD.
A este propósito, exemplificou que foi o Governo PSD/CDS-PP que “impôs uma lei para aumentar as rendas”, que promoveu o alojamento local e os ‘resorts’ turísticos “sem medida, sem limite” ou que “inventou os ‘vistos gold’”.
“Atreve-se Luís Montenegro a falar em moderação? Atreve-se a dizer-se moderado? Moderado em quê? Rendas moderadas? Preços moderados? Mentira”, acrescentou, garantindo que o BE fechará “a porta aos ‘vistos gold’, à compra de casas por não residentes”, assim como baixará “o preço da habitação”, entre outras medidas.
Mariana Mortágua sustentou que “o PSD e a maioria PS perseguiram as pessoas ao longo dos últimos anos em nome do mais mesquinho dos princípios, um ‘El Dorado’ do turismo e os seus tentáculos na especulação imobiliária”, considerando que é “preciso pará-los”, para “dar segurança às pessoas”.
Aos presentes, deixou o desafio para se “acabar com este jogo viciado”, referindo que o partido é “a voz da habitação” e a “esquerda de confiança”.
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