Durante a conferência de imprensa sobre as conclusões da Assembleia Plenária decorreu em Fátima, de 12 a 15 de novembro de 2018, Manuel Clemente foi confrontado o alerta dos bispos em Espanha sobre casos de abusos sexuais na Igreja nas décadas de 50 ou 60.
O presidente da CEP afirmou que o assunto dos abusos sexuais não foi abordado na reunião em Fátima. “Para já não tratámos disso diretamente. O que fizemos [anteriormente] foi publicar as diretivas, que para já são suficientes e esclarecedoras para aquilo que tem que se fazer”, salientou.
A propósito da realização de estudo aprofundado, afirmou: “Tudo é possível. Para já, não se pôs isso ainda em cima da mesa. Se for necessário e aconselhável vamos fazer”, afirmou, alertando, contudo, para o cuidado a ter “com generalizações neste campo”, pois “cada caso é um caso”.
“O tema continua a ser acompanhado por todos nós. Em 2012 publicámos umas diretivas concretas em relação a essa problemática. Essas diretivas são conhecidas e são aquelas que, se surgirem casos, vão ser seguidas: atendemos as pessoas, ouvimos os queixosos, acompanhamos as famílias e o recurso às autoridades policiais, sempre que isso seja necessário e conveniente”, reforçou Manuel Clemente.
O presidente da CEP acrescentou que, depois de reunirem os factos, “se a análise for positiva, encaminha-se as coisas quer para as instâncias do Estado quer para as instâncias romanas “.
“Tenhamos cuidado num ponto: neste campo tudo é mau, mas não é tudo igual e cada caso é um caso e apresentá-lo no conjunto pode incorrer nesta distorção de generalizar aquilo que acontece individualmente e pessoalmente. Tenhamos o cuidado de casos que se apresentem analisá-los pessoalmente, acompanhá-los com todos os implicados, pessoalmente, e sem generalizações, porque se trata de pessoas e cada caso é um caso”, alertou.
O cardeal patriarca de Lisboa informou também que mesmo os casos que são arquivados na justiça civil, se “não estiverem arquivados na justiça canónica têm seguido para Roma”.
Na reunião da CEP foi ainda abordado o tema das ‘fake news’, que os bispos consideram ser um “problema grave” também para a Igreja. “Temos de criar uma distância crítica e pessoal e comunitária e não sermos tão precipitados, porque muitas vezes o tempo real é um tempo fantasma”, afirmou Manuel Clemente.
Os bispos refletiram sobre uma proposta comum de taxas, tributos e emolumentos para todas as dioceses, “tendo em vista harmonizar e atualizar o que já se encontra definido nas três províncias eclesiásticas”.
O presidente da CEP explicou que houve necessidade de criar “tabelas comuns” para a “pouco e pouco convergirem em orientações comuns”.
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