“Não quero estar a ser tremendista, mas o SNS está a colapsar, não pela via financeira, como tradicionalmente era apresentado durante muitos anos, mas pela via dos recursos humanos. É preciso dar um murro na mesa, é preciso ter a ousadia de arriscar novas soluções”, afirmou.
Em declarações aos jornalistas, no final de uma visita ao Hospital do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém, no distrito de Setúbal, o líder social-democrata defendeu que o SNS “deve contar com a capacidade instalada nas Instituições Particulares de Solidariedade Social, nas Misericórdias e também no setor privado”.
“É preciso ter um sistema de saúde que abarque também essa oferta sem complexos ideológicos, como aconteceu nos últimos anos em Portugal, e é preciso ter políticas públicas que saiam do papel”, como é o caso da habitação, frisou.
E por isso, incitou o Governo “a olhar para isto” e não esperar que “sejam alguns incentivos e alguns paliativos que possam debelar uma situação que é estrutural”.
No entender de Luís Montenegro, que hoje percorreu os concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Sines e Santiago do Cacém, no âmbito da iniciativa Sentir Portugal, que decorre até quinta-feira no distrito de Setúbal, a falta de recursos humanos na saúde está ligada a outros problemas estruturais que “agudizam ainda mais esta situação”.
“Em primeiro lugar, falta de habitação e, em segundo lugar, falta de uma rede de transportes eficiente e, por essa via, as políticas públicas acabam por se entrecruzar e por desembocar no desfecho que é efetivamente a falta de profissionais no SNS”, apontou.
No litoral alentejano, o líder do PSD constatou que, de um universo de cerca de 106 mil utentes, “cerca de 20% não têm médico de família atribuído” e que existem várias lacunas por “falta de pessoal médico” e “também de enfermeiros”.
“Em Portugal estamos a caminho de bater o número dos dois milhões de portugueses sem médico de família atribuído e de facto esta é uma situação absolutamente insustentável”, alertou.
No final da reunião com o conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, Luís Montenegro considerou que o Governo “tem falhado de uma forma absolutamente inultrapassável”.
“Andamos há seis anos à espera de ver concretizado um plano [para] dar mais oferta habitacional que o primeiro-ministro apresentou. Este ano veio apresentá-lo, cinco anos depois, e não sai do papel. E a forma como está concebido não vai ter, do nosso ponto de vista, resultados em termos de execução”, criticou.
Ainda para o líder do PSD, o país “está a chegar a um ponto onde a falta de visão de António Costa e do PS se repercute em bloqueios nos principais serviços públicos e o serviço de saúde está à cabeça desses bloqueios”, concluiu.
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