Num discurso aos libaneses após uma reunião do Governo, Najib Mikati apelou a Israel para respeitar o cessar-fogo e retirar-se das zonas fronteiriças, segundo a agência francesa AFP.

A trégua de 60 dias entrou em vigor às 04:00 de hoje locais (02:00 em Lisboa), após mais de um ano de combates entre o grupo xiita Hezbollah e Israel, que causou milhares de mortos.

O acordo, negociado sob a égide dos Estados Unidos e da França, prevê uma retirada gradual do Hezbollah e das tropas israelitas do sul e o envio do exército libanês ao longo da fronteira.

Mikati manifestou a esperança de que o acordo abra “uma nova página” na história do Líbano e apelou à rápida eleição de um Presidente da República, após mais de dois anos de impasse no processo devido a divergências políticas.

“Neste dia começa a viagem (…) para reconstruir o que foi destruído e terminar de reforçar o papel das instituições legítimas”, disse Mikati, citado pela agência espanhola EFE.

Mikati destacou o exército, no qual disse que os libaneses depositam “grandes esperanças de estender a autoridade do Estado a todo o país”.

Ao abrigo do acordo, os membros do Hezbollah devem retirar-se para norte do rio Litani e os Estados Unidos e a França trabalharão para que até 10.000 soldados libaneses sejam destacados para o sul do país “o mais rapidamente possível”.

“Todos apostavam num confronto, mas temos visto, apesar das difíceis condições sociais, cidadãos a abraçarem-se”, congratulou-se o primeiro-ministro libanês.

Referiu que hoje é “um novo dia em que chega ao fim uma das etapas mais difíceis do sofrimento vivido pelos libaneses”.

“Estamos empenhados na soberania do Líbano sobre todos os seus territórios, terra, mar e ar”, afirmou.

Mikati disse ainda que o Líbano vai trabalhar com parceiros para reconstruir o que foi afetado pela guerra “e conseguir o regresso digno às suas regiões” dos deslocados.

Segundo estimativas do Governo libanês, mais de 1,2 milhões de pessoas fugiram ao conflito entre o Hezbollah e Israel em apenas dois meses.

O Hezbollah começou a bombardear Israel a partir do sul do Líbano para apoiar o grupo extremista palestiniano Hamas, que atacou território israelita em 07 outubro de 2023 e enfrenta, desde então, uma ofensiva israelita em Gaza.

Em setembro, Israel intensificou o bombardeamento do Líbano, a que se seguiu uma invasão do sul do país vizinho.