O comité organizador local da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 anunciou esta sexta-feira uma parceria com a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) para identificar diferentes riscos e desenvolver medidas viáveis que cubram todos os aspetos da jornada dos participantes. Assim, está também incluída a prevenção de possíveis casos de abusos sexuais, um problema presente no dia a dia da Igreja Católica portuguesa num momento em que Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais entra nos meses finais de trabalho.
Num encontro com jornalistas na sede da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o bispo auxiliar de Lisboa D. Américo Aguiar revelou que, quando chegou o momento de trabalharem o "dossier quer da proteção de menores, quer de acidentes e incidentes que podem decorrer com centenas de milhares de pessoas no mesmo sítio", houve a necessidade de procurar "uma entidade que tivesse experiência no terreno e que pudesse ser intermediária no apoio a um jovem, a uma pessoa que participe na JMJ e que viva um incidente qualquer".
Em resposta, a APAV fez "um levantamento daquilo que são os melhores procedimentos em eventos internacionais" e apresentou à comissão organizadora "um caderno de encargos daquilo que possa ser o trabalho da associação durante esses 15 dias na Jornada com presença e com trabalho de prevenção e de divulgação".
"Da conversa com o presidente da APAV, achámos importante que este trabalho pudesse ser o mais transversal possível, ou seja, de presença e de resposta a diferentes possibilidades de incidentes que possam ocorrer", reforçou D. Américo Aguiar, que explicou que esta é também uma atitude preventiva que se exige após a crise de abusos sexuais com que a Igreja está a lidar.
"Para nós é muito importante e muito positivo estarmos a viver um processo de transparência total, de tolerância zero, porque não podia ser de outra maneira. Claro que na organização da JMJ o que seria negativo era nós não estarmos a fazer o que tem de ser feito", afirmou, sublinhando que esta parceria é um "separar de águas daquilo que, infelizmente, foi o passado e daquilo que nós queremos que seja o hoje e o futuro".
O bispo revelou ainda que uma das recomendações da APAV já foi aplicada. Em causa está a entrega do registo criminal de todos os voluntários e membros do Comité de Organização Local. "Isso não resolve nada, mas é um sinal daquilo que significa a nossa proatividade para evitar qualquer incidente que aconteça", disse.
Organização da JMJ garante que ninguém terá de pagar para ver o Papa Francisco
No encontro de hoje, a organização aproveitou para esclarecer alguns temas, entre eles um possível mal-entendido com a divulgação dos preços dos pacotes para peregrinos que queiram participar na JMJ, com valores que vão dos 50€ aos 255€.
Tanto pela voz de Duarte Ricciardi, secretário-executivo do Comité Organizador Local, como do bispo D. Américo Aguiar, foi sublinhado que assistir às iniciativas que vão contar com a presença do Papa Francisco não pressupõe a obrigação de compra de qualquer ingresso nem estão vedadas a ninguém.
Segundo a organização, os pacotes à venda existem para facilitar a logística dos peregrinos, portugueses e estrangeiros, facilitando o acesso a habitação, transporte e comida.
O que acontece é que existirão áreas delimitadas para quem adquire o ingresso, privilegiadas ao nível de proximidade com os palcos, ficando as restantes acessíveis ao público em geral.
D. Américo Aguiar revelou, por exemplo, que nas duas últimas JMJ realizadas na Europa, em Madrid e Cracóvia, apenas um quarto das pessoas compraram estes passes, insistindo que estes são opcionais e que não impedem ninguém de ver o Papa.
Sobre os locais onde vão decorrer os vários eventos, não houve confirmações além do Parque Tejo, zona que está a ser reabilitada pela Câmara Municipal de Lisboa e de Loures. Novas confirmações estarão dependentes da aprovação de um plano de mobilidade que está a ser preparado pelas autoridades competentes afetas ao Governo e que vão definir quais os espaços capazes de cumprir os requisitos para acolherem eventos desta dimensão.
Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude, que vai decorrer entre os dias 1 e 6 de agosto de 2023, com as principais cerimónias a terem lugar no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures. A iniciativa, que será encerrada pelo Papa, esteve inicialmente prevista para este ano, mas foi adiada devido à pandemia.
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