“Os mesmos que têm grossas responsabilidades pela situação a que chegou a ferrovia nacional e o material circulante assumem-se agora como os seus zeladores”, afirmou o líder comunista que discursava num jantar comício na feira de Grândola.
“O CDS, a pensar nas eleições europeias, tomou o comboio para o Alentejo depois de anos e anos de participação governativa, nomeadamente no de [Paulo] Portas, que levou ainda mais longe os cortes no investimento e na supressão de comboios e linhas, e pôs-se num pranto a verter lágrimas de crocodilo”, disse.
Em declarações aos jornalistas, à margem do encontro, o secretário-geral comunista questionou o estado em que o anterior presidente do Conselho de Administração da CP e dirigente do CDS-PP, Manuel Queiró, deixou o serviço ferroviário.
“Que medidas tomou, que impedimento do agravamento se verificou”, questionou Jerónimo de Sousa que acredita ter sido essa a razão que levou Assunção Cristas “a não contar com tal figura” durante a ação que levou vários dirigentes nacionais do CDS a viajar em diferentes linhas ferroviárias do país para alertar para o desinvestimento no setor.
“Tem de explicar ao povo português o que andou ali a fazer durante anos”, desafiou Jerónimo de Sousa que acusa o CDS-PP de fazer “campanha pedagógica”.
“O CDS-PP votou contra o projeto de resolução do PCP para o desenvolvimento de um plano nacional para o material circulante ferroviário porque o seu verdadeiro projeto é o da privatização da ferrovia nacional”, acusou.
Questionado pelos jornalistas sobre o comboio especial contratado pelos socialistas para transportar pessoas para a “festa de verão” do partido em Caminha, Jerónimo de Sousa desvalorizou considerando “normal” e “legítimo” a sua utilização “desde que não prejudique a circulação e os utentes”.
“À luz de critérios rígidos que depois não se façam discriminações políticas em relação ao uso desses transportes, mas como digo é natural e legitimo esse recurso”, sublinhou.
Na intervenção em Grândola, o líder comunista lembrou que o “brutal desinvestimento público” no setor ferroviário nacional e o “desmembramento da CP” deram origem “a sucessivos atrasos, supressões e redução de oferta” e conduziram “ao reconhecimento” por parte da empresa que “60 por cento das vias férreas portuguesas têm um índice de desempenho medíocre ou mau”.
Quanto ao Governo do Partido Socialista, Jerónimo de Sousa disse que “está na hora de assumir as suas responsabilidades pelo adiamento sistemático dos investimentos” na ferrovia que “amiúde anuncia e depois não concretiza”, criticou.
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