Este sábado, 25 de dezembro, dia de Natal, um telescópio de 8 mil milhões de euros, e que levou mais de 30 anos a construir seguiu para o Espaço. Porquê? Porque é só Humano querer saber como tudo começou.
Chama-se James Webb e deve o seu nome a um antigo dirigente da NASA. A sua missão é obter mais dados sobre os primórdios do Universo, incluindo o nascimento das primeiras galáxias e estrelas.
Agora, este telescópio — "com o maior espelho alguma vez lançado para o espaço, composto de 18 segmentos hexagonais revestidos de ouro, com um diâmetro de 6,5 metros" — vai viajar 30 dias até chegar ao seu destino, que fica a 1,5 milhões de quilómetros da Terra.
A expectativa é que o James Webb seja capaz captar a luz ténue de corpos celestes ainda mais distantes, de há 13,5 mil milhões de anos, quando o Universo era bastante jovem (a idade estimada do Universo pela teoria do Big Bang é 13,8 mil milhões de anos).
Dada a distância a que estará da Terra, este telescópio não poderá ser reparado em órbita, ao contrário do Hubble, pelo que a sua "esperança de vida" é curta, de cinco a dez anos.
O James Webb sucede o Hubble, em órbita há 31 anos, a 570 quilómetros da Terra. O novo telescópio está equipado com um escudo solar desdobrável do tamanho de um campo de ténis que o manterá frio para poder operar. Além disso, é 100 vezes mais sensível que o seu antecessor.
E quando se esperam as primeiras respostas? O início das observações científicas deverá acontecer seis meses após o lançamento e os primeiros dados devem ser conhecidos ainda em meados de 2022.
Esta iniciativa — que resulta de uma parceria entre a ESA e as congéneres norte-americana (NASA), líder do projeto, e canadiana (CSA) — tem também "selo" português.
Engenheiros do ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade estiveram envolvidos na segurança das operações de lançamento e a astrónoma portuguesa Catarina Alves de Oliveira, que trabalha no Centro de Operações Científicas da Agência Espacial Europeia (ESA), em Espanha, é responsável pela calibração de um dos instrumentos do Webb.
Isto significa que vai "estar no centro de controlo da missão nos Estados Unidos a monitorizar o estado e o desempenho do NIRSpec. Também estarei envolvida na calibração deste instrumento, analisando alguns dos primeiros dados que o Webb vai adquirir no espaço", descreveu, acrescentando que irá ainda "dar apoio à comunidade científica para que aprenda a utilizar os instrumentos do Webb da melhor forma".
"Numa Humanidade cada vez mais esfomeada, dividida e auto-destrutiva, é consolador saber que ainda há oportunidade para gastar dinheiro e neurónios num projeto que nos une a todos: saber como começou esta aventura galáctica de magnitude absoluta, na qual somos um simples grão de pó de duração instantânea – mas com uma imensa curiosidade", escreveu o cronista do SAPO24, José Couto Nogueira, num texto que vale a pena ler aqui.
Num dia em que foram várias as mensagens de Natal — Costa salientou o combate à pandemia; Marcelo alertou para o "parente pobre" que tem sido a saúde mental; o Papa lembrou os conflitos "esquecidos" na Síria e no Iémen e apelou para o diálogo na Ucrânia —, a maior mensagem de esperança foi "lançada com sucesso" a partir da base europeia de Kourou, na Guiana Francesa.
(Artigo corrigido às 23h30: alterada a distância a que o telescópio ficará da Terra e o valor em que foi avaliado)
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