Borrell publicou um artigo, na semana passada, que as autoridades de Jerusalém criticaram de forma dura, alegando que equipara as vítimas israelitas de “ataques terroristas palestinianos” aos civis palestinianos mortos em operações militares do Exército de Israel.
O incidente marcou o mais recente sinal de deterioração das relações entre o novo Governo de extrema-direita de Israel e alguns dos seus aliados mais próximos.
“Ser honesto significa reconhecer que o extremismo está a crescer em ambos os lados. Ataques indiscriminados e violência estão a tirar muitas vidas”, escreveu Borrell no artigo que incomodou o Governo israelita.
“A violência por parte dos colonos israelitas na Cisjordânia está a ameaçar cada vez mais a vida e os meios de subsistência dos palestinianos — quase sempre com impunidade. Além disso, as operações militares israelitas frequentemente provocam mortes civis palestinianas, muitas vezes sem responsabilidade efetiva”, acrescentou o chefe da diplomacia europeia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Eli Cohen, condenou estes comentários, durante uma conversa com Borrell, na terça-feira, informou hoje o Governo israelita.
“Não há espaço para comparação ou equilíbrio entre as vítimas do terrorismo do lado israelita e os terroristas palestinianos apoiados pela Autoridade Palestiniana”, explicou o Governo israelita num comunicado.
De acordo com uma fonte oficial israelita, embora não haja planos ou pedidos oficiais para uma visita de Borrell, o Governo israelita quer deixar claro que o chefe da diplomacia europeia não será bem-vindo.
Em Bruxelas, o porta-voz da Comissão Europeia, Peter Stano, disse que Borrell não foi impedido de entrar em Israel porque não tentou visitar o país.
“Não temos conhecimento de nenhuma proibição ou decisão das autoridades oficiais israelitas de não permitir uma visita”, esclareceu Stano, acrescentando que as posições de Borrell refletem as posições oficiais dos 27 países da UE.
Israel tem estreitas relações políticas e económicas com muitos países europeus.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, deve viajar ainda hoje para a Alemanha, uma semana após uma visita oficial à Itália.
Contudo, Israel e a UE discordaram repetidamente ao longo dos anos sobre o tratamento de Israel aos palestinianos, sobre a construção de colonatos e sobre a falta de progresso nas negociações de paz.
O artigo de Borrell lamentava que “nem o lado israelita nem o lado palestiniano estejam prontos para a paz”, pedindo à Palestina para “renunciar ao terrorismo” e a Israel para terminar a construção de colonatos na Cisjordânia ocupada.
Neste aspeto, a UE e os Estados Unidos, o aliado mais próximo de Israel, estão juntos nas críticas aos recentes anúncios de novos colonatos na Cisjordânia, feitos pelo Governo de Netanyahu.
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