Maradona faleceu de edema pulmonar causado por insuficiência cardíaca enquanto estava internado em casa após uma neurocirurgia, de acordo com a autópsia.

Dois funcionários da operadora de saúde responsável pelo atendimento domiciliar indicaram que os médicos pessoais de Maradona, acusados no caso, pediram para escalonar as consultas com visitas do clínico geral e não solicitaram nenhum equipamento além de uma cadeira sanitária, que lhes foi fornecida.

O coordenador de assistência domiciliar da prestadora, Enrique Barrio, disse ao tribunal que os médicos que tratavam de Maradona inicialmente solicitaram uma visita de um clínico geral uma vez por dia na casa, mas que isso nunca se concretizou, pois a solicitação passou a ser semanal antes de ser transferido para a residência.

As declarações foram dadas no julgamento, na Argentina, da equipa de especialistas encarregada da saúde de "El Diez", que morreu a 25 de novembro de 2020, em Tigre, na província de Buenos Aires.

Barrio explicou que a operadora de saúde não oferece um serviço chamado "internação domiciliar", mas sim "atendimento domiciliar", que é menos complexo.

No entanto, um dos advogados de acusação destacou que o site da empresa inclui o termo "atendimento domiciliar" entre os serviços oferecidos.

"Nós fornecemos o aparelho de tensão arterial, mas não fornecemos o cardioversor-desfibrilador ou o monitor", esclareceu sobre os equipamentos disponíveis para atendimento domiciliar.

Acumulação de responsabilidades

Uma das rés é Nancy Forlini, coordenadora médica de atendimento domiciliar da operadora de saúde, que atuou como elo entre os médicos de Maradona e a assistência social.

No início da audiência, a psiquiatra Ana Waisman fez o seu depoimento. Foi convocada para uma interconsulta no início de novembro, quando Maradona ainda estava internado, mas o jogador recusou-se a recebê-la.

Desde então, Waisman continuou a falar com Agustina Cosachov, a psiquiatra acusada no caso, com quem trocou opiniões sobre tratamento e medicação.

Para Waisman, a medicação psiquiátrica que Maradona tomou nos últimos dias "era compatível" com sua condição, e quaisquer efeitos adversos poderiam ser evitados "monitorizando os seus sinais vitais uma vez por dia".

Médicos, enfermeiros, um psiquiatra e um psicólogo respondem por homicídio doloso, uma acusação que implica que sabiam que as suas ações poderiam resultar na morte do paciente e pela qual podem passar de oito a 25 anos na prisão.

Uma oitava ré — uma enfermeira — será julgada num caso separado.

A audiência, que terminou às 18h00, continuará na próxima quinta-feira. A procuradoria ainda não anunciou quem serão as testemunhas nessa sessão.