Em Bundoora, cidade que fica a 16 quilómetros a norte de Melbourne e onde se situam dois grandes ‘campus’ universitários, a propagação dos incêndios está fora de controlo, avisou o serviço de emergência deste estado.
A comunicação social australiana está a divulgar imagens da área, mostrando jatos de água a serem lançados em direção às casas e famílias a molharem as suas residências na esperança de impedir que ardam.
Numa outra zona da Austrália, em Nova Gales do Sul — o estado australiano com mais população e onde foi declarado estado de emergência — morreu um bombeiro voluntário e dois outros ficaram feridos quando estavam a combater os fogos.
Este foi o terceiro bombeiro que morreu nos incêndios desde setembro, mas, no total, os fogos dos últimos três meses já provocaram a morte de 11 pessoas, além da destruição de mais de mil casas e de mais de três milhões de hectares, uma área maior do que a Bélgica.
Os bombeiros enfrentam hoje um dia ainda mais complicado, já que a Austrália voltou a registar picos de vento e calor extremo, com as temperaturas a ultrapassarem os 40 graus em todo o país e a atingirem os 47 graus na Austrália Ocidental.
Ainda no estado de Victoria, os bombeiros tiveram de pedir aos cerca de 30 mil turistas que se encontravam na região de East Gippsland para se retirarem na sequência da erupção de mais de uma dúzia de incêndios e a possibilidade de a única estrada principal ainda aberta na região ter se ser cortada.
“É muito perigoso” permanecer nessas áreas, explicou o chefe dos bombeiros de Gippsland, Ben Rankin, descrevendo a situação como “muito intensa”.
Alguns destes incêndios atingiram tal intensidade que obrigaram mesmo ao afastamento de centenas de bombeiros da frente de combate, que se estende ao longo de mil quilómetros.
No estado da Austrália Meridional, mais a oeste, também se registam condições atmosféricas “catastróficas”, de acordo com o chefe de bombeiros do estado, Brenton Éden.
Segundo o responsável, as trovoadas que se multiplicam na região já deram início a vários incêndios, principalmente na Ilha Kangaroo.
A Austrália está acostumada a incêndios florestais durante o verão do sul, mas, este ano, a situação foi particularmente precoce e violenta.
Os investigadores explicam a gravidade da situação com uma combinação de fatores, incluindo precipitação muito baixa, temperaturas recorde e ventos fortes, mas muitos acreditam que o aquecimento global contribui fortemente para estas condições.
O primeiro-ministro, Scott Morrison, admitiu tardiamente uma ligação entre os incêndios e as mudanças climáticas, mas recusou-se a reverter a sua política favorável à indústria do carvão.
O recorde absoluto da temperatura no mês de dezembro foi batido na semana passada, quando os termómetros atingiram os 49,8 graus na localidade de Eucla, na Austrália Ocidental.
Todas as cidades decidiram cancelar os espetáculos de fogo de artifício que costumam apresentar na passagem de ano, com exceção de Sydney, onde, apesar da nuvem de fumo tóxico que cobre a região e da apresentação de uma petição com mais de 270 mil assinaturas a pedir o cancelamento, as autoridades decidiram manter a tradição.
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