O primeira dia da fase de instrução, que decorre no Tribunal Central de Instrução Criminal, durou cerca de duas horas e foi preenchido com o depoimento de Vitor Pereira e Jorge Lourenço.
À saída, o advogado Melo Alves, que representa Vitor Pereira, disse que o seu cliente “prestou declarações e disse aquilo que entende que é a verdade” e que na perspetiva da defesa “esclareceu tudo”, não se mostrando incomodado que este tenha falado antes da análise de outra produção de prova.
O defensor Túlio Araújo mostrou-se convicto da absolvição de vários dos 84 arguidos do processo e disse que tem “a certeza absoluta de que muitos deles não deviam estar no caso”.
“Este caso tem demasiadas pessoas. Muita gente que veio ao processo não deveria estar aqui, isso é absolutamente injusto”, frisou o advogado.
À entrada do tribunal, dois advogados disseram que iam contestar a inquirição de arguidos antes da produção de prova e que iriam apresentar requerimentos à juíza Conceição Moreno para que primeiro seja produzida prova, ouvidas mais de 100 testemunhas e só depois é que os arguidos fossem chamados.
Os requerimentos foram apresentados, mas a sessão decorreu como estava previsto podendo a juiza tomar a decisão na próxima sessão.
A fase de instrução prossegue na quinta-feira com o interrogatório de mais dois arguidos, tendo a juíza marcado sessões até 19 de dezembro.
Inicialmente, o Ministério Público acusou 89 pessoas, mas cinco foram separados do processo principal, que ficou com 84 acusados.
Esses cinco arguidos deram origem a dois novos processos que correm em separado.
Recentemente, 37 dos 40 arguidos do processo que se mantinham em prisão preventiva e em prisão domiciliária foram postos em liberdade porque o prazo máximo (um ano e quatro meses) de prisão preventiva expirou sem que houvesse decisão instrutória (de levar ou não os arguidos a julgamento).
Ao abrigo do processo principal, continuam em prisão preventiva três dos elementos que foram detidos mais tarde.
Os arguidos estão acusados de associação criminosa, tentativa de homicídio qualificado agravado pelo uso de arma, ofensa à integridade física, extorsão, roubo, tráfico de droga e detenção de armas e munições, entre outros crimes.
A acusação sustenta que os 89 arguidos, do grupo Hells Angels, elaboraram um plano para aniquilar os ‘motards’ rivais, através da força física e de várias armas para lhes causar graves ferimentos, "se necessário até a morte", incluindo Mário Machado (líder do movimento de extrema-direita Nova Ordem Social), que é assistente no processo.
Os procuradores concluíram que a atuação dos implicados no processo "obedeceu a um planeamento operacional, através do recrutamento de membros e apoiantes, obtenção de armamento, vestuário de camuflagem, meios de transporte, definição de pontos de concentração e de tarefas durante o ataque, bem como planeamento da fuga”.
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