O projeto Equiano, "quando estiver a funcionar, significa para Portugal mais modelos de negócio, baseados em talento e gente qualificada, e que utilizem aquele cabo, que leva e traz dados, muito importantes na economia digital", afirmou Eurico Brilhante Dias, em declarações à Lusa.
"Este projeto dá a Portugal uma valência adicional para captar investimento na área das tecnologias de informação e tratamento de dados, que nos permitem também gerar emprego muito associado à engenharia de sistemas, de telecomunicações e matemáticos", defendeu.
Porém, Brilhante Dias também não esconde a vontade de ver empresas portuguesas a participar no próprio projeto da Google, mas sublinha que não existem quaisquer contactos do Governo com a empresa nesse sentido.
"Este é um investimento da Google, que escolheu Portugal, sem recurso a incentivos fiscais. Mas o que gostaríamos era que mais empresas portuguesas pudessem participar nesse investimento. Sabemos que, em princípio, o território nacional tem dois locais de amarração e que terão necessariamente trabalho para empresas portuguesas", afirmou.
Para Brilhante Dias, o Equiano da Google, com amarração da Europa à África no território português, tem ainda "a grande importância" de multiplicar a capacidade de ligação e transmissão de dados entre os dois continentes num momento em que Portugal assumirá a presidência da União Europeia - porque se prevê que a amarração esteja concluída em 2021 -, "durante a qual as relações entre a Europa e a África vão ser tema central, tal como já foi anunciado pelo primeiro-ministro, António Costa".
Este aspeto, "vem reforçar a centralidade do país na relação das comunicações com África", acrescentou.
"E aquilo que estamos a ver é o que o novo cabo nos traz para podermos captar mais investimento e desenvolver novos modelos de negócio para Portugal", reiterou.
"Estes negócios, multiplicando-se por 20 as comunicações, podem-nos trazer todo um ecossistema. Para termos uma ideia, um centro de dados de dimensão média pode gerar 300 postos de trabalho. Aquilo que sabemos é que todos os negócios à volta dos dados são intensivos em engenheiros, muita gente ligada ao tratamento de dados, matemáticos e, ao mesmo tempo, pilares de grandes multinacionais que acumulam e transmitem dados. O potencial de geração e trabalho nesta área é muito elevado", concluiu.
A Google divulgou no passado dia 28 o projeto Equiano, o seu novo cabo submarino que vai ligar Portugal à África do Sul e, consequentemente, África à Europa, segundo informação da tecnológica no seu blogue.
"Hoje estamos a introduzir o Equiano, o nosso novo cabo privado submarino que irá conectar África com a Europa. Uma vez concluído, o cabo começará na Europa ocidental e atravessará a costa oeste de África, entre Portugal e África do Sul", com áreas ao longo do traçado que permitem alargar conectividade adicional a países africanos, lê-se no blogue da Google.
"Este novo cabo é totalmente financiado pela Google, tornando-o no nosso terceiro cabo internacional privado depois de Dunant e Curie, e o 14.º investimento em cabos submarinos", a nível global, adianta.
"Os cabos submarinos privados da Google carregam todos os nomes de luminares históricos e Equiano não é diferente", segundo a tecnológica, salientando que o nome atribuído se deve a Olaudah Equiano, um escritor e abolicionista nigeriano que foi escravizado em criança.
A primeira ramificação da rota do cabo submarino, que parte do sul de Portugal será a Nigéria.
"O cabo Equiano é uma infraestrutura de última geração, assente na tecnologia SDM, com aproximadamente 20 vezes mais capacidade de rede do que o último cabo construído para servir esta região", afirma a Google.
O contrato para construir o cabo com a Alcatel Submarine Networks foi assinado no quarto trimestre do ano passado e a primeira fase do projeto deverá estar concluída em 2021.
Nos últimos três anos, a Google investiu 47 mil milhões de dólares (41,3 mil milhões de euros, à taxa de câmbio atual) na sua infraestrutura, em termos globais.
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