Falando durante o debate sobre o estado da nação, que decorre na Assembleia da República, em Lisboa, André Silva considerou que "a viabilidade do SNS só se consegue através de uma aposta na promoção da saúde e na prevenção da doença".
"Os recursos finitos, técnicos, humanos e financeiros não conseguem responder às necessidades e aos custos crescentes, tornando o SNS cada vez mais insustentável", acrescentou, justificando que "não se debate o fundamental, a prevenção" e que "a nação não tem apostado em políticas de longo prazo direcionadas à saúde e bem-estar das pessoas".
Para isso, na ótica do PAN, "o debate sobre a saúde tem que ganhar outra centralidade, o de como evitar que as pessoas cheguem doentes aos hospitais, ou seja, conhecer os padrões epidemiológicos da população, os fatores determinantes de saúde, e adotar políticas públicas de médio e longo prazo".
"Sim, dá trabalho, mas é possível e inevitável", defendeu.
Apesar de reconhecer que "ao longo das últimas décadas se construíram mais hospitais, deu-se um maior reforço dos orçamentos do SNS, a redução do preço dos medicamentos" ou a "expansão da rede de cuidados integrados continuados", o deputado destacou que estas são medidas "importantes, sem dúvida", mas "não estão a produzir as mudanças necessárias".
"O SNS está cada vez mais pressionado, tudo porque em Portugal não se debate a promoção da saúde, debate-se a reação à doença", notou.
Além da saúde, o PAN dedicou a sua intervenção também ao ambiente e à tauromaquia, tendo criticado o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, por ter marcado presença "há uns dias numa corrida de touros, na companhia de quem mais ama: o presidente da CAP" (Confederação dos Agricultores de Portugal).
"Ao estado a que chegámos, o mesmo homem a quem a nação confia a tutela da proteção e bem-estar dos animais é o mesmo que se diverte com o seu massacre e protege os seus agressores", criticou André Silva.
Já quanto aos recursos hídricos, o deputado do PAN classificou a sua gestão como "incompreensível", sobretudo "num contexto de crise climática que tenderão a agudizar os problemas".
Por isso, defendeu, "é sensato e inevitável" a implementação de "uma política eficaz para melhorar as condições neste domínio, exigindo a compatibilização entre o uso da água e a política agrícola", uma vez que a produção de alimentos "é totalmente insustentável em virtude do uso irresponsável de água em algumas culturas e a aplicação massiva de pesticidas e fertilizantes que contaminam as massas de água superficiais e subterrâneas, aumentam a taxa de perda de biodiversidade e provocam a falência dos solos".
André Silva apontou ainda que "os instrumentos adotados na gestão de resíduos não têm sido os mais adequados" e que "o problema mais inquietante reside no modelo económico e social de produção e constante estímulo ao consumo, para o qual o governo e a narrativa dos partidos têm dado sinais em sentido contrário".
Por isso, sustentou, "devem ser redesenhadas políticas fiscais de dissuasão à deposição em aterro, de alargamento de responsabilidade ambiental aos produtores, ou medidas de redução do consumo de plásticos de utilização única".
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