O Ministério da Saúde convocou os sindicatos dos enfermeiros para uma reunião na quinta-feira com membros do Governo, que era uma das condições impostas por um sindicato para suspender a greve em blocos operatórios, com início agendado para segunda-feira e convocada até 28 de fevereiro.
“Neste momento queremos mostrar que estamos disponíveis para chegar a um entendimento. O Governo cumpriu a sua palavra. Nós, de boa-fé, mantemos a suspensão [até quinta-feira]. Se a greve acontece ou não depende dos resultados da reunião que vai acontecer”, disse à Lusa a dirigente da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) Lúcia Leite, que em conjunto com o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) integra uma das mesas negociais que com representantes do Ministério da Saúde e do Ministério das Finanças têm negociado a revisão da carreira de enfermagem.
Na reunião de sexta-feira, os sindicatos não conseguiram que o Governo assinasse o memorando de entendimento proposto pelas estruturas representativas dos enfermeiros, ainda que reconheçam que o executivo cedeu em algumas das exigências dos profissionais, como a criação da categoria de enfermeiro especialista e o descongelamento das progressões na carreira para todos os enfermeiros.
No entanto, afirmou Lúcia Leite, sem um documento assinado na próxima quinta-feira que comprometa o Governo em relação a todas as reivindicações dos enfermeiros a greve não será desconvocada.
Referindo-se a declarações da ministra da Saúde, Marta Temido, que na sexta-feira, no lançamento do programa de financiamento do novo Hospital Central do Alentejo, em Évora, disse querer para os enfermeiros condições de equidade com outras profissões, mas sem pôr em causa a sustentabilidade das contas públicas, Lúcia Leite disse que os enfermeiros "não vão abdicar" dessa equidade.
Segundo Lúcia Leite, a reunião com o Governo acontece na próxima quinta-feira, às 17:00, com a presença da ministra da Saúde, Marta Temido, e representantes do Ministério das Finanças.
A ronda negocial relativa à carreira de enfermagem resultou em algumas cedências aos profissionais - como a criação da categoria de enfermeiro especialista e o descongelamento das progressões na carreira - mas não em todas as reivindicações sindicais, que exigem também aumentos salariais e a antecipação da idade da reforma.
A greve convocada para se iniciar na segunda-feira segue o modelo da que já ocorreu entre 22 de novembro e 31 de dezembro e que teve origem num movimento de enfermeiros que lançou uma recolha de dinheiro numa plataforma ‘online’ para ajudar a financiar os colegas durante a paralisação.
Na ocasião, a recolha de fundos atingiu 360 mil euros e hoje os enfermeiros voltaram a atingir o objetivo financeiro para a greve prevista para arrancar na segunda-feira, tendo a recolha de fundos através de uma plataforma ‘online’ ultrapassado os 400 mil euros pretendidos.
Às 14:30 de hoje o valor estava nos 403 mil euros.
A greve convocada poderá afetar blocos cirúrgicos de sete centros hospitalares: os dois centros do Porto, Braga, Vila Nova de Gaia/Espinho, Entre Douro e Vouga, Tondela/Viseu e Garcia de Orta.
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