Numa tertúlia num café em Faro, em que respondeu a perguntas da assistência, – um novo formato de campanha, a que o PSD chamou de ‘talk’ -, Rui Rio voltou a acusar o Governo e o primeiro-ministro de terem feito “um golpe de teatro” em maio quando António Costa admitiu demitir-se se fosse aprovada a contabilização integral do tempo de serviço dos professores.
“Um golpe de teatro que surtiu efeito, basta olhar para o resultado das europeias, que foram vinte dias depois. O problema é que, passado algum tempo, ele faz a mesma jogada com os motoristas de matérias perigosas, percebeu-se que estava a montar uma outra encenação”, considerou.
O líder do PSD deixou então uma espécie de aviso: “Eu penso que amanhã ou depois vamos também perceber uma outra encenação, num outro setor, onde eles estiveram a preparar também coisa parecida”, disse, sem especificar a que se referia.
Durante cerca de uma hora, Rui Rio respondeu a nove perguntas num café histórico no centro de Faro, onde se reuniram algumas dezenas de pessoas.
A regionalização foi, como era de esperar no Algarve, um dos temas abordados, com Rio a voltar a defender que “poderá ser a favor ou contra”, dependendo do projeto, mas sempre desde que haja uma diminuição da despesa pública.
“Eu estarei do lado do ‘não’ quando eles dizem que ‘é para haver mais carros pretos, mais pessoal político, para gastar mais dinheiro’. Para isso eu também não estou cá. Agora se for para servir melhor as populações, como acredito piamente que é possível, aí estarei na linha da frente a votar a favor e a combater por isso”, assegurou.
Rio foi também questionado sobre a sua admiração pelo fundador do PSD, Francisco Sá Carneiro, repetindo que foi por sua causa que aderiu ao partido, e até comparou alguns dos momentos internos de turbulência que ambos viveram internamente.
“A própria historia do partido, quer a história do tempo dele quer a história do meu agora, comprova que há aqui fenómenos parecidos, reações parecidas”, disse, embora considerando que estas eram mais explicáveis no pós 25 de Abril pela “juventude” do partido.
“Continuo ainda hoje fascinado pela convicção, coerência e firmeza com que estava na política, que escasseava nesse tempo e escasseia ainda mais hoje”, lamentou Rio.
Sobre a época antes do 25 de Abril, o líder do PSD contou uma história da sua juventude, quando, à última hora, o pai o proibiu de ir a um encontro na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto contra o regime.
“Eu não fui, todos os estudantes que foram, foram presos. O meu pai nem sabe o mal que me fez, pouco tempo depois houve o 25 de Abril e eu hoje era um antigo preso da Pide e assim não posso puxar dessa medalha”, afirmou, em tom irónico.
Saúde, pescas, carga fiscal e mobilidade foram outras das perguntas desta ‘talk’, que foi antecedida de um momento de rábula humorística encenado por dois atores, intitulado “O caos na saúde em Portugal”, o tema central no primeiro dia da ‘volta nacional’ do líder do PSD.
Coube ao cabeça de lista do PSD por Faro, o deputado Cristóvão Norte, apresentar este novo formato de campanha, que se repetirá mais algumas vezes em outras cidades.
“Um modelo que é ligeiramente diferente do que em regra se faz em campanhas: em regra fazem-se grandes comícios, onde estão sempre as mesmas pessoas, queremos fazer diferente”, justificou.
Em 2015, a coligação PSD/CDS-PP elegeu três dos nove deputados escolhidos pelo círculo de Faro, dois dos quais do PSD: José Carlos Barros e Cristóvão Norte.
(Notícia atualizada às 22h55)
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