Os números são reveladores: há cerca de 1,9 milhões de feridos, enquanto 470 mil pessoas já morreram vítimas do conflito armado na Síria. Deste número, cerca de 400 mil morreram devido à violência enquanto 70 mil padeceram à inexistência de cuidados médicos adequados: falta de água e comida, condições sanitárias ou refúgio nas zonas de conflito. O relatório divulgado pelo The Guardian estima que este número totalize cerca de 11,5% da população do país.
Mas este dado aparenta ter um impacto ainda maior. Se em 2010, a população síria totalizava 21,80 milhões de habitantes, em 2015, o relatório apresenta um número diferente: 20,44 milhões. No entanto, caso o conflito não tivesse começado, estimava-se que no ano passado, o número de habitantes chegasse aos 25,59 milhões, o que perfaz um decréscimo real de 21% da população.
A esperança média de vida também foi afetada. Se em 2010 estava nos 70 anos, neste momento baixou para 55,4, uma vez que o índice de mortalidade subiu de 4,4, em cada 1000 habitantes, para 10,9.
Além do indicador populacional, a nível económico o país está devastado. De acordo com o Syrian Center for Policy Research, as perdas globais ascendem a cerca de 250 mil milhões de euros. O ambiente de terror que assola todo o país traduziu-se, no ano passado, no aumento dos preços em 53% enquanto a pobreza subiu 85% dado que cerca de 13,8 milhões de sírios perderam a sua fonte de rendimento.
Segundo o The Guardian, estes números ajudam a perceber o fenómeno de migração no Mediterrâneo. O relatório estima que 45% da população foi deslocada, sendo que seis milhões optaram por ir para outras zonas do país, enquanto quatro milhões procuraram refúgio além fronteiras.
“Nós usámos métodos de investigação muito rigorosos e temos a certeza deste cenário”, explicou Rabie Nasser, autor do relatório, em declarações ao The Guardian. “As mortes indiretas serão ainda mais no futuro, embora a maioria das Organizações Não Governamentais e as Nações Unidas tendam a ignorá-las”, afirmou.
De acordo com Nasser, os relatórios e as estimativas das Nações Unidas não correspondem à realidade devido à falta de dados que existe na zona de conflito. As Nações Unidas deixaram de contabilizar as mortes na Síria em meados de 2014 devido à falta de acesso a dados fidedignos e às dificuldades de chegar ao cenário de guerra.
O Syrian Center for Policy Research conseguiu permanecer em Damasco até há pouco tempo. Nasser concluiu que a atmosfera de medo e de fanatismo, chantagem, roubo e contrabando tem apoiado a continuação do conflito armado. Na sua opinião, a economia do país transformou-se num buraco negro que está a absorver os recursos internos e externos do país.
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