“O Governo tem o poder executivo, tem maioria absoluta, pelos vistos tem muito dinheiro, tem o poder todo, tem todas as condições para resolver os problemas das pessoas, para aumentar salários, para aumentar pensões, para resolver o problema do acesso ao Serviço Nacional de Saúde, resolver o problema dramático da habitação — ainda agora, há dois dias, fomos confrontados com o novo aumento da taxa de juro e o que isso implica na vida de cada um de nós”, disse Paulo Raimundo.
“E isso é que é preciso resolver. Se nós perdêssemos um décimo do tempo que perdemos com outras coisas para resolver isto, já tínhamos a maior parte dos problemas resolvidos”, acrescentou.
O líder comunista, que falava aos jornalistas depois de ter presidido ao encerramento conjunto do 15.º Encontro Nacional do Ensino Secundário e da 17.ª Conferência Nacional do Ensino Superior da Juventude Comunista Portuguesa (JCP), em Setúbal, referiu como exemplo, a necessidade de o Governo dar resposta aos problemas da juventude.
“Na juventude em particular, é a solução dos problemas dos salários, da precariedade, da falta de condições nas escolas, falta de professores, falta de pessoal não docente, escolas onde chove, propinas elevadíssimas, gente a abandonar o ensino superior por falta de condições financeiras. Isso é que é preciso resolver”, sublinhou.
Questionado pelos jornalistas, Paulo Raimundo admitiu que as suas declarações constituem um “recado para o Governo” e para aqueles que alimentam as alegadas “tricas e manobras” que têm impedido a resolução dos verdadeiros problemas do país, reafirmando o que tinha dito pouco antes no encerramento dos dois encontros da JCP.
“Quando o que se impõe é dar resposta aos problemas que todos os dias enfrentamos […], e quando existem todas as condições para se avançar nas respostas e medidas, aquilo a que temos assistido no debate público é o permanente desviar de atenção destes problemas e, mais grave, uma brutal falta de vontade de lhes dar resposta. É caso para dizer, deixem-se de tricas e tratem de resolver os problemas do País, que são os nossos problemas de todos os dias”, disse Paulo Raimundo no discurso dirigido aos jovens comunistas.
Quanto à eventual dissolução do parlamento, Paulo Raimundo deixou claro que o PCP não defende a realização de novas eleições, reiterando a ideia de que o Governo tem todas as condições para dar resposta aos problemas dos portugueses, dando como exemplo o caso do aumento das pensões.
“O Governo não tem estado a resolver [os problemas], mas tem todas as condições para resolver. E, justiça seja feita, o Governo já teve de ceder. Cedeu nas pensões. Aumentar as pensões era um drama, rebentava com a Segurança Social, mas o Governo cedeu, de forma limitada, muito contida, mas cedeu à luta das pessoas”, disse.
“No aumento de salários na Função Pública, também não era possível porque ia rebentar com tudo. E o governo cedeu. O aumento ainda é insuficiente, é preciso aumentar mais os salários da função pública, mas o Governo cedeu”, frisou o líder comunista, convicto de que ainda é possível forçar o atual governo do PS a dar as respostas necessárias para resolver os principais problemas dos portugueses e do país.
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