Emmanuel Macron falava durante uma visita surpresa ao conselho municipal da localidade de Gasny (Normandia, noroeste), algumas horas antes de se deslocar à localidade vizinha de Grand Bourgtheroulde (Eure), onde irá lançar a iniciativa que apelidou como o “grande debate nacional”.
“Não quero dizer que os ‘coletes amarelos’ são um novo tipo de movimento social, que vamos esperar até que ele se sature e a vida volta ao seu curso (…). Mas é uma oportunidade para podermos reagir com mais força e com mais profundidade”, declarou o chefe de Estado francês, que irá lançar oficialmente ao início da tarde o grande debate nacional num recinto desportivo de Grand Bourgtheroulde na presença de mais de 600 autarcas.
Macron ficou pouco mais de uma hora em Gasny e esteve acompanhado por Sébastien Lecornu, ministro responsável pelas administrações territoriais e coanfitrião na apresentação do debate nacional.
Nas mesmas declarações, Emmanuel Macron afirmou que espera que o grande debate possa levar a “uma transformação da [nossa] prática democrática”.
“É necessário perguntar constantemente às pessoas sobre a opinião delas. Não acho de todo que seja uma perda de tempo, é tempo de parar as reformas porque as pessoas querem mudanças”, acrescentou.
Durante a visita, um membro do conselho municipal de Gasny dirigiu-se a Macron e afirmou que desejava falar “em nome de todos os reformados de França”, apontando na sua intervenção que este grupo da população é um dos primeiros a ser atingido quando é necessário reavaliar a economia francesa.
“Perdi 15% do poder de compra em novembro”, afirmou o membro do conselho municipal de Gasny, citado pelas agências internacionais.
“Entendo muito bem o que está a dizer. Vamos ter esse debate sobre as nossas despesas públicas”, disse Emmanuel Macron, reafirmando a vontade de reformar o sistema de pensões “para torná-lo mais justo”.
No passado dia 13 de janeiro, Macron propôs delimitar um grande debate nacional em França em torno de 35 questões, com temas que abrangem a fiscalidade, a democracia, a ecologia ou a imigração.
“Quero transformar convosco a cólera em soluções”, afirmou então Macron, numa carta dirigida aos franceses.
Esta iniciativa do chefe de Estado francês surge numa altura em que o país vive há dois meses uma crise desencadeada pelas manifestações dos ‘coletes amarelos’, que contestam a política social e fiscal do Governo.
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