Há mais de uma semana que mais de 3.600 pessoas, entre passageiros e tripulantes, estão em quarentena a bordo do navio, atracado ao largo do porto de Yokohama, a sul de Tóquio, por decisão do Governo japonês que pretende assim evitar novas infeções no país.
O ministro da Saúde japonês, Katsunobu Kato, indicou que há mais 44 infetados a bordo, depois de terem sido realizadas novas análises em 221 pessoas.
Kato acrescentou que os idosos a bordo com análises negativas vão poder sair do navio antes do fim do período de quarentena, previsto para 19 de fevereiro. Estas pessoas ficaram alojadas no Japão, num local específico escolhido pelo Governo.
“Queremos avançar com esta operação amanhã [sexta-feira] ou depois”, adiantou o ministro, em conferência de imprensa.
Entre os 44 novos casos de infeção contam-se 43 passageiros e um tripulante.
Um dos responsáveis pelas operações de quarentena também ficou infetado pelo vírus, entretanto designado covid-19 pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Governo japonês tinha já anunciado, na terça-feira, que ia permitir a saída do navio de passageiros mais idosos e de doentes crónicos do navio, cujas análises fossem negativas.
Cerca de 80% dos 2.666 passageiros têm mais de 60 anos de idade e mais de 200 passageiros têm 80 anos ou mais.
Os casos confirmados de infeção a bordo foram já transferidos para hospitais japoneses, numa altura em que a eficácia da quarentena começa a ser posta em causa, dado que dezenas de novos casos são identificados quase diariamente.
Além da maioria dos passageiros ter idade elevada, as condições da quarentena, com isolamento em cabines muitas vezes sem janela, podem agravar o estado de saúde de pessoas mais fragilizadas.
O ministro da Saúde japonês disse que entre as pessoas saídas do navio e já hospitalizadas, cinco apresentam um estado de saúde considerado grave.
A OMS pediu na sexta-feira ao Japão que tomasse todas as medidas necessárias para acompanhar os passageiros do Diamond Princess confinados a bordo desde 03 de fevereiro, incluindo apoio psicológico.
Estas são as principais recomendações das autoridades de saúde à população
O surto do novo coronavírus detetado na China tem levado as autoridades de saúde a fazer recomendações genéricas à população para reduzir o risco de exposição e de transmissão da doença. Eis algumas das principais recomendações à população pela Organização Mundial da Saúde e pela Direção-geral da Saúde portuguesa:
- Lavagem frequente das mãos com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
- Ao tossir ou espirrar, fazê-lo não para as mãos, mas para o cotovelo ou para um lenço descartável que deve ser deitado fora de imediato;
- Evitar contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
- Evitar contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
- Deve ser evitado o consumo de produtos de animais crus, sobretudo carne e ovos;
- Em Portugal, caso apresente sintomas de doença respiratória e tenha viajado de uma área afetada pelo novo coronavírus, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
Combater a desinformação
A Organização Mundial da Saúde tem tentado também divulgar factos para combater a desinformação e mitos ligados ao novo coronavírus. Eis algumas dessas informações:
- É seguro receber cartas ou encomendas vindas da China, porque as análises feitas demonstram que o coronavírus não sobrevive muito tempo em objetos como envelopes ou pacotes;
- Não há qualquer indicação de que animais de estimação, como cães e gatos, possam ser infetados ou portadores do novo coronavírus. Mas deve lavar-se sempre as mãos após contacto direto com animais domésticos, porque protege contra outro tipo de doenças ou bactérias;
- Não há também prova científica de que o consumo de alho ajude a proteger contra o novo coronavírus;
- Usar e colocar óleo de sésamo não mata o novo coronavírus;
- As atuais vacinas disponíveis no mercado contra a pneumonia não previnem contra o coronavírus 2019-nCoV. Este novo vírus precisa de uma nova vacina que ainda não foi desenvolvida;
- Os antibióticos não servem para proteger ou tratar as infeções provocadas pelo coronavírus. Os antibióticos são usados para infeções bacterianas e não virais. Contudo, os doentes hospitalizados infetados com coronavírus poderão ter de receber antibióticos porque pode estar presente também uma infeção bacteriana;
- Pessoas de todas as idades podem ser afetadas pelo coronavírus. Contudo, pessoas mais velhas ou com doenças crónicas (como asma ou diabetes) parecem ser mais vulneráveis a ter doença grave quando infetadas.
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