O surto, conhecido há três semanas com o primeiro caso positivo de infeção pelo novo corronavírus numa funcionária, levou à testagem de quase 700 pessoas entre utentes e trabalhadores, faltando apenas conhecer os resultados de cerca de 30 testes.
Os resultados revelam que o foco se concentrou nos três lares de idosos da Misericórdia e o porta-voz, que faz parte também da direção, admitiu hoje que houve falhas, que a instituição está a refletir sobre o que se passou e fará as correções necessárias.
“É óbvio que falhou alguma coisa, porque quando há um surto de infeção falha sempre alguma coisa, mas não falha só aqui, infelizmente falha no mundo todo”, afirmou aos jornalistas numa declaração sobre o ponto de situação.
Segundo disse, no final da crise em curso, “há de ser escalpelizado” o que falhou, “há de ser debatido e se falhou alguma coisa” será corrigida.
“A Santa Casa da Misericórdia tem estado a refletir tudo o que se passou, mas ainda estamos num percurso a meio, não sabemos o dia de amanhã. Em função disso vamos tomar todas as medidas, como sempre fizemos, para que isto não aconteça”, sustentou.
O porta-voz indicou que, “neste momento, todo o universo da Misericórdia, perto de 700 pessoas”, foi testado.
Relativamente aos utentes infetados, há três internados no hospital de Bragança.
Os restantes, que permanecem nos lares, “estão calmos e estáveis”.
De acordo com a direção, falta apenas conhecer os resultados de cerca de 30 testes.
Até ao momento, não houve casos positivos nas outras respostas sociais, concretamente na Unidade de Cuidados Continuados e nas escolas, onde só ainda não foram testadas as cerca de 300 crianças, uma decisão que caberá à Autoridade de Saúde Pública.
“Nas escolas não há testes positivos. Todos os colaboradores das escolas e todos os professores já foram testados e não temos a relatar nenhum teste positivo. Na Unidade de Cuidados Continuados, ainda não tivemos nenhum testes positivo, nem de utentes, nem de colaboradores”, concretizou.
Com trabalhadores de quarentena ou em isolamento profilático, começam a evidenciar-se as necessidades de recursos humanos que estão a ser colmatadas com uma brigada de intervenção rápida e uma equipa médica e de enfermagem.
O porta-voz explicou que a Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste disponibilizou quatro médicos e três enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde que começou a trabalhar na instituição na manhã de hoje.
“Esta brigada dá-nos apoio, estamos no limite das nossas capacidades”, apontou.
Exemplo dessa disponibilidade de apoio é a brigada de intervenção rápida com enfermeiros e auxiliares que estava previsto ficar até hoje, mas que deverá “prolongar por mais sete dias a missão”, segundo José Fernandes.
O porta-voz da Misericórdia expressou ainda “preocupação” com o impacto deste surto na comunidade, para além do risco de possíveis contágios que estão a ser rastreados pela Saúde Pública.
“Estamos a falar de um universo de 1.003 pessoas (entre funcionários e utentes) numa cidade pequena como Bragança. Entendo a preocupação que toda a gente da cidade pode ter, porque a Santa Casa da Misericórdia é uma instituição transversal à cidade e poucas serão as pessoas ou as famílias que não têm algum relacionamento com a Santa Casa”, salientou.
A Misericórdia de Bragança é a maior instituição social e um dos maiores empregadores do Nordeste Transmontano.
O distrito de Bragança regista um total de mais de 900 casos de infeção confirmados e 33 mortes associadas à covid-19, desde março.
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