O presidente do conselho diretivo desse hospital do distrito de Aveiro refere que o novo serviço permite reforçar a capacidade de prestação de cuidados de saúde durante a pandemia de covid-19, garantindo que os utentes com outras patologias continuam a ser acompanhados em segurança, sempre que possível sem necessidade de deslocação física à unidade.
"Queremos contribuir de forma efetiva para o desenvolvimento da ‘telessaúde' no nosso país. Esta ferramenta vai ser muito útil a todo o SNS neste contexto em que foi necessário proceder à desmarcação de consultas e de cirurgias em todos os hospitais", afirma Luís Miguel Ferreira.
A plataforma digital utilizada para o efeito é a RSE Live, disponibilizada pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e utilizada apenas mediante autorização de médico e doente, se esse dispuser de computador com câmara e som, e estiver registado na Área do Cidadão do Portal SNS.
O diretor do Hospital Francisco Zagalo realça, por isso, "a disponibilidade da SPMS em apostar no Hospital de Ovar para concretizar o início deste processo", que coloca "um novo desafio" aos profissionais de saúde da instituição.
O diretor clínico do hospital, Rui Lopes Dias, concorda que o novo serviço "vem permitir dar alguma continuidade à consulta externa, principalmente junto daqueles doentes aos quais a equipa clínica considera importante e prioritário realizar uma monitorização".
O primeiro utente já foi atendido pela RSE Live na quinta-feira e, segundo o mesmo médico, a consulta foi "bastante completa", uma vez que a plataforma permite apresentar ao doente resultados de exames, proceder a registos na ferramenta "SClínico", emitir prescrições e solicitar exames laboratoriais e radiológicos.
Realçando que "a aposta na tecnologia e na desmaterialização" é um dos grandes pilares da atuação do Hospital de Ovar, Luís Miguel Ferreira informa que, depois dessa unidade, a RSE Live irá entrar em funcionamento no Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, seguindo-se, "gradualmente, as restantes unidades de cuidados de saúde hospitalares e primários" do país.
O Hospital Francisco Zagalo tem atualmente uma enfermaria com capacidade de internamento intermédio para 21 doentes com covid-19 e coordena ainda a atividade do hospital de campanha instalado na Arena Dolce Vita, que dispõe de mais 38 camas.
O município de Ovar está em estado de calamidade pública devido ao novo coronavírus desde 17 de março e no dia seguinte ficou sujeito a um cerco sanitário com controlo de entradas e saídas no território, suspensão da maior parte da atividade económica e proibição de circulação pública para outros efeitos que não o acesso a bens de primeira necessidade, apoio médico e assistência a familiares.
Na quinta-feira à noite, a Câmara Municipal de Ovar registava entre os seus 55.400 habitantes 25 óbitos e 595 casos de infeção. Hoje, às 07:30, a Direção-Geral da Saúde atribuía ainda ao concelho apenas 487 contaminados.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados se registaram a 02 de março, o último balanço da DGS indicava 629 óbitos entre 18.841 infeções. Entre esses doentes, 1.302 estão internados em hospitais, 493 já recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.
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