De acordo com a informação de monitorização sobre cuidados de saúde primários, no ano passado 85,4% dos utentes inscritos em Portugal continental tinham médico de família atribuído.

Em 2023, a percentagem foi mais baixa, fixando-se nos 83,5%, abaixo dos 85,6% registados em 2022 e dos 88,8% de 2021.

A cobertura é maior na região Norte, onde 97,3% dos utentes têm médico de família atribuído. Pelo contrário, é em Lisboa e Vale do Tejo que menos utentes têm médico de família (72,1%), sendo a única região abaixo dos 80%.

Já a taxa de utilização de consultas médicas manteve-se nos 69%, mas aumentou entre os utentes sem médico de família, de 48% em 2023 para 52,7% no ano passado.

“Tendencialmente, nas unidades locais de saúde onde existe uma maior percentagem de utentes com médico de família, as taxas de utilização de consultas são mais altas, o que sugere que a disponibilidade de médico de família representa um importante fator promotor do acesso aos cuidados de saúde primários no Serviço Nacional de Saúde (SNS), refere o relatório.

Na mesma linha, as taxas de utilização de consultas por utentes sem médico de família são mais baixas nas unidades locais de saúde com menores percentagens de utentes com médico atribuído.

No ano passado, realizaram-se perto de 19 milhões de consultas médicas presenciais (mais 6,2% face a 2023) e 17,3 milhões de consultas de enfermagem presenciais (mais 10,1%), enquanto diminuíram as consultas não presenciais (1,2% e 4%, respetivamente).

Por outro lado, o número de consultas médicas ao domicílio, que aumentou 19,7% face a 2023, ultrapassou, pela primeira vez, os valores registados antes da pandemia da covid-19.

O relatório da ERS refere ainda a redução de 33,5% nas consultas não programadas para a população com 65 ou mais anos, o valor mais baixo desde a 2019, e um aumento de 48,2% no número de consultas motivadas por gripe.

No âmbito da vigilância a grupos de risco, houve mais utentes com diabetes a realizar o exame dos pés, mais mulheres com mamografia realizada nos últimos dois anos, mais mulheres com colpocitologia (exame que permite rastrear o cancro do colo do útero) e mais utentes com rastreio do cancro do cólon e reto.

Diminuiu, por outro lado, a percentagem de recém-nascidos com, pelo menos, uma consulta médica até aos 28 dias de vida e com visita domiciliária de enfermagem até aos 15 dias de vida.