Em conferência de imprensa, o responsável da CTB, Rui Madeira, que deu conta que a companhia pediu em apoios 1,558 milhões de euros, tendo-lhe sido atribuídos 1,15 milhões, criticou ainda o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, por não ser "relevante" e de apenas dizer "coisas de circunstância".

"Eu espero que o secretário de Estado se demita, que haja mais dinheiro e que isto se resolva rapidamente”, disse Rui Madeira.

Segundo o responsável da CTB, o Governo, nomeadamente o secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, "quer acabar com as companhias, quer tornar isto mais ‘low cost' ainda e fazer das companhias fazedores de projetos pontuais".

O diretor da CTB recusou ainda a ideia de que as companhias de teatro concordam com o processo de atribuição de verbas.

"Nós vivemos numa situação de medo, parece difícil de dizer porque vivemos aparentemente numa democracia. Sim, as companhias concorreram, não há nada de verdade no que o secretário de Estado diz, o setor não está de acordo com este modelo, nunca esteve e as companhias concorreram porque estavam com a corda na garganta", apontou.

Rui Madeira questionou mesmo sobre o que foram ouvidas as companhias: "Eu gostava que o secretário de Estado dissesse quais são as companhias que estão de acordo. Devem ser amigos deles e estão a traí-lo porque se não dizem, fica só ele a dizer sozinho".

Questionado sobre a ação do ministro, Rui Madeira foi igualmente crítico: "O ministro da Cultura é conhecido por dois aspetos importantes desde que está no poder. Um é que lhe roubaram a casa, o outro é que lhe vão publicar as obras e faço jus que lhe publiquem as obras porque é um excelentíssimo poeta".

"Quanto ao resto não sei, ninguém sabe, diz coisas de circunstância, não é uma figura relevante no contexto do Governo e isso não é culpa dele, é do primeiro-ministro que olha a Cultura desta maneira", completou.

Sobre a situação da companhia bracarense, Rui Madeira explicou que o orçamento terá que ser refeito e que há postos de trabalho que estão em causa.

"Implica nós refazermos o orçamento. Isto é uma pequena empresa, tem que ser entendida assim. Nós pagamos impostos. Ficamos a dever à Segurança Social, ao Fisco, muito deste dinheiro é para o Estado, logo à partida. E depois temos compromissos assumidos com terceiros. Quatrocentos mil euros pode corresponder por exemplo a três pessoas durante quatro anos", explicou.

Os concursos ao Programa de Apoio Sustentado às Artes 2018-2021 abriram em outubro, com um valor global de 64,5 milhões de euros.

O Governo anunciou o reforço, para 72,5 milhões de euros, do montante disponível até 2021, do Programa de Apoio Sustentado às artes, mais dois milhões de euros por ano, a aplicar nas seis modalidades dos concursos: circo contemporâneo e artes de rua, dança, artes visuais, cruzamentos disciplinares, música e teatro.

Segundo números da DGArtes, este ano, no total das seis modalidades, foram admitidas a concurso 242 das 250 candidaturas apresentadas. Os resultados provisórios apontam para a concessão de apoio a 140 companhias e projetos.