“Vamos restaurar a prontidão para combate do Reino Unido como objetivo central das nossas forças armadas”, escreveu Keir Starmer no jornal The Sun, acrescentando que o plano inclui o aumento da capacidade de produção de armamento.

A Revisão Estratégica da Defesa, com publicação marcada para segunda-feira, vai avaliar as ameaças enfrentadas pelo Reino Unido, numa conjuntura marcada pela guerra em curso na Ucrânia e pela pressão do presidente norte-americano Donald Trump para que os aliados da NATO reforcem a sua defesa.

Segundo Starmer, o documento será “um plano para a força e segurança para as próximas décadas”.

O ministro da Defesa, John Healey, alertou para a “agressão crescente da Rússia”, incluindo ciberataques “diários” aos sistemas de defesa britânicos.

“Vivemos num mundo que está a mudar… e num mundo com ameaças crescentes”, afirmou Healey à BBC este domingo.
“É a agressão crescente da Rússia, são os ciberataques diários, os novos riscos nucleares e o aumento das tensões noutras partes do mundo.”

A revisão recomenda a criação de uma capacidade de produção contínua de munições no Reino Unido, que permita o aumento da produção armamentista sempre que necessário, segundo o Ministério da Defesa.

O documento pede também ao governo que crie condições no setor industrial para reforçar os stocks de munições.

Em fevereiro, Starmer comprometeu-se a aumentar os gastos com defesa para 2,5% do PIB até 2027, acima dos atuais 2,3%, com o objetivo de atingir os 3% até cerca de 2029. A administração trabalhista afirmou que irá reduzir a ajuda externa para ajudar a financiar este aumento.

Novas tecnologias

No sábado, o governo anunciou um investimento de 1,5 mil milhões de libras (cerca de 2 mil milhões de dólares) para construir “pelo menos seis fábricas de munições e explosivos” e adquirir 7.000 armas de longo alcance produzidas no Reino Unido.

Este investimento — que representa 6 mil milhões de libras em munições ao longo desta legislatura — permitirá criar e manter 1.800 postos de trabalho.

“Estamos a reforçar a base industrial do Reino Unido para melhor dissuadir os nossos adversários e tornar o país seguro internamente e forte no exterior”, afirmou Healey.

O Ministério da Defesa comprometeu-se ainda com 1 mil milhão de libras para a criação de um comando cibernético com funções em contexto de batalha.

Esta reestruturação da defesa “significa reunir todas as capacidades que temos — de drones a artilharia, do instinto humano à inteligência — numa máquina de combate formidável e integrada”, declarou Starmer.

Segundo o The Guardian, a revisão liderada pelo antigo secretário-geral da NATO, George Robertson, alerta que o Reino Unido está a entrar “numa nova era de ameaças”, com os drones e a inteligência artificial a transformarem a guerra moderna.

O documento destaca o “perigo imediato e urgente” representado pela Rússia, mas também foca a China, o Irão e a Coreia do Norte.

Robertson apelidou os quatro países de um “quarteto mortal” que está “cada vez mais alinhado”.