Depois da segunda ronda de negociações entre as delegações russas e ucranianas em Istambul, um cessar-fogo duradouro ainda parece distante.

Apesar da Turquia considerar que as negociações "não foram negativas", uma vez que foi acordada outra troca de prisioneiros, é preocupante pensar nos próximos dias, sem terem sido apresentadas soluções efetivas, mais uma vez.

A reunião de hoje aconteceu um dia depois de Kiev ter lançado um dos maiores ataques contra aeródromos militares russos. A resposta russa não tardou, com um ataque violento à Ucrânia.

Apesar do impasse nas negociações não ser uma surpresa, todos querem perceber o que falta para alcançar a paz duradoura.

A Ucrânia propôs um cessar-fogo incondicional de, pelo menos, 30 dias, o que criaria um ambiente propício para as negociações de paz. No entanto, a Rússia rejeitou a proposta. Em alternativa, Moscovo propôs um cessar-fogo parcial, de dois ou três dias, em certas áreas da linha de frente. O principal objetivo seria recuperar os corpos dos soldados.

Além da discordância entre a duração e o tipo de cessar-fogo, há ainda outras divergências significativas, entre as propostas dos dois países, que condicionam o alcance da paz.

Kiev recusa ceder o território ucraniano e exige a retirada das tropas russas das regiões ocupadas, como Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia, Kherson e a Crimeia.

A Ucrânia quer, também, garantias de segurança internacional, que incluem a possibilidade de integrar a União Europeia e a NATO no futuro.

Já a Rússia, quer o reconhecimento das anexações russas e exige que a Ucrânia fique fora da NATO, para evitar uma expansão para leste.

Sendo a troca de prisioneiros o único avanço concreto até ao momento, resta a hipótese de mediadores internacionais, como a Turquia e os Estados Unidos, cooperarem no alcance de soluções duradouras, uma vez que é altamente improvável que algum dos lados recue nas suas condições.