“Não é assunto para nos preocupar. Não é assunto para provocar, aqui, nenhuma intranquilidade. Sabemos que a solução está perto”, disse hoje Luís Montenegro sobre o apoio do PSD a um candidato presidencial, provocando risos na plateia do 5.º Encontro Nacional de Autarcas Social-Democratas, que antes tinha recebido o ex-presidente do PSD Luís Marques Mendes com uma ovação de pé.
Apesar da reação da plateia, o líder do PSD prosseguiu, garantindo que a candidatura apoiada pelo PSD “será uma boa solução, vai mobilizar o país e vai dar ao país aquilo que o país precisa, que é ter, na Presidência da República, alguém que modere os poderes soberanos, que garanta a relação da política com a sociedade e não nenhum projeto pessoal ou político-partidário”.
"Precisamos de potenciar, consolidar, desenvolver aquilo que temos de estabilidade, credibilidade e atratividade", diz Marques Mendes
"Nós precisamos de potenciar, consolidar, desenvolver aquilo que temos de estabilidade, credibilidade e atratividade, para resolver as questões da pobreza envergonhada, dos sem-abrigo, da pobreza em geral, sobretudo da habitação que é dos maiores dramas da sociedade portuguesa", disse Marques Mendes, durante o 5.º Encontro Nacional de Autarcas Social-democratas, que decorre em Ovar, no distrito de Aveiro.
Marques Mendes, que foi ovacionado de pé quando entrou na sala do Centro Cultural de Ovar, começou por recordar que foi autarca pela primeira vez aos 19 anos, tendo desempenhado o cargo de vereador e vice-presidente da Câmara de Fafe, entre 1977 e 1985.
"Desde esse momento fiquei com a ideia que ser autarca numa freguesia ou município é sacerdócio e verdadeiro serviço público", afirmou o ex-presidente do PSD.
No seu discurso, Marques Mendes realçou que face aos desafios que a Europa enfrenta atualmente, Portugal vive "um tempo de exceção", sendo, ao contrário de muitos países europeus, um país com estabilidade, para além de ser "altamente credível" e beneficiar de uma tendência de atratividade.
"Olhando para o Estado de Europa e do Mundo, é importante valorizar isto que temos. Porque isto não é tanto importante do ponto de vista do político A ou B, isto é importante do ponto de vista das pessoas. Quando há estabilidade, credibilidade, atratividade para investimento, a vida das pessoas tende a melhorar. Quando não há estabilidade, credibilidade e atratividade, a vida das pessoas fica mais difícil", afirmou.
O ex-presidente do PSD alertou, contudo, para um problema que surgiu no país nos últimos anos a que chamou de "pobreza empregada", que afeta milhares de portugueses.
"Estamos a falar de pessoas, muitas pessoas, de Norte a Sul do país, que têm um emprego, às vezes dois empregos, mas que chegam ao fim do mês e o seu salário não dá para pagar todas as despesas da família, por causa do aumento do custo de vida que aconteceu nos últimos anos, e que foi forte, e por causa, sobretudo, dos preços insuportáveis da habitação. Isto é pobreza", sublinhou.
Num ano em que o país vai disputar as eleições autárquicas, Marques Mendes disse ainda que é preciso "introduzir a ideia de ambição com mais força na sociedade portuguesa".
"Às vezes perdemos esta ambição, valorizamos o que vem de fora e desvalorizamos o que fazemos cá dentro. Nós temos a todos os níveis exemplos notáveis de sucesso. Temos é que os valorizar e, acima de tudo, mudar o nosso ADN. Uma nova ambição de facto para Portugal começa na freguesia, continua no município, acaba no país", concluiu.
Questionado pelos jornalistas, Marques Mendes recusou-se a falar sobre a sua eventual candidatura à Presidência da República, tendo acrescentado que hoje "já tinha falado de mais".
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