
A colina, apesar de pouco conhecida, é um composto orgânico essencial para o bom funcionamento do sistema nervoso humano. Não sendo tecnicamente uma vitamina nem um mineral, a sua importância na saúde cerebral e no desenvolvimento neurológico tem vindo a ganhar destaque na comunidade científica. Estudos recentes sugerem que um consumo adequado de colina pode ter efeitos positivos na memória, no humor e até na prevenção de doenças neurodegenerativas, diz a BBC.
Segundo Xinyin Jiang, professora de ciências da nutrição na Brooklyn College, nos Estados Unidos, todas as células do nosso corpo contêm colina. Trata-se de um nutriente "essencial", o que significa que o organismo humano não consegue produzi-lo em quantidades suficientes, sendo necessário obtê-lo através da alimentação.
A colina está presente sobretudo em alimentos de origem animal, como carne de vaca, ovos, peixe, frango e leite. Também pode ser encontrada em fontes vegetais como amendoins, feijão, cogumelos e vegetais crucíferos (como os brócolos), ainda que em quantidades inferiores.
Este nutriente desempenha várias funções vitais: contribui para a saúde do fígado, auxilia na síntese de fosfolípidos (componentes fundamentais das membranas celulares) e é crucial durante o desenvolvimento fetal. A deficiência de colina pode causar fígado gordo e interferir na multiplicação celular, especialmente no cérebro do feto.
Emma Derbyshire, especialista em nutrição e fundadora da consultora Nutritional Insight, refere que a colina é, acima de tudo, um "nutriente cerebral", uma vez que é essencial para a produção de acetilcolina – um neurotransmissor que facilita a comunicação entre os neurónios e está envolvido em processos como a memória, o pensamento e a aprendizagem.
Estudos populacionais sugerem que uma ingestão mais elevada de colina pode estar associada a um melhor desempenho da memória. Além disso, há indícios de que possa ter um papel na redução da ansiedade e do risco de depressão. Por outro lado, a sua carência tem sido ligada a doenças como Alzheimer e Parkinson.
Na Europa, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) recomenda uma ingestão diária de 400 mg de colina para adultos, 480 mg para grávidas e 520 mg para mulheres a amamentar. Como? Por exemplo, um ovo contém cerca de 150 mg, enquanto um peito de frango oferece cerca de 72 mg.
Apesar de a colina ser facilmente absorvida pelo organismo, vários estudos indicam que uma grande parte da população não atinge os níveis diários recomendados. Uma investigação nos Estados Unidos revelou que apenas 11% dos adultos consomem a quantidade adequada. Os vegetarianos e veganos, em particular, podem enfrentar maiores dificuldades em obter este nutriente, embora existam fontes vegetais e suplementos disponíveis.
Comentários