Em declarações aos jornalistas à entrada para uma reunião do Conselho Nacional do Chega, na Moita, André Ventura disse que o seu partido vai avançar com a proposta de revisão constitucional no parlamento com a “esperança de que aquilo que o primeiro-ministro disse possa ainda ser revisto à luz da humildade democrática que é preciso ter quando não há maiorias”.

“Dirijo-me diretamente ao primeiro-ministro: se não aproveitamos este momento histórico para fazer mudanças como esta, para que é que serve o voto, para que é que serve o mandato que nos deram, para que é que serve a maioria?”, questionou o líder do Chega.

O presidente do PSD afirmou na quinta-feira que a revisão constitucional é “um assunto arrumado” neste momento e elegeu a modernização e simplificação da administração pública como “trave-mestra” da futura governação.

Na sua intervenção inicial perante o Conselho Nacional do PSD, que foi aberta à comunicação social, Luís Montenegro voltou a referir-se ao tema da revisão constitucional, que já tinha dito não ser uma prioridade à saída da audiência com o Presidente da República.

“Enquanto não tivermos aquilo que é prioritário orientado, não contam connosco para isso, e como não contando connosco para isso não há isso, esse assunto está arrumado até haver uma altura considerada adequada”, afirmou.

Ventura afirmou que vários líderes do PSD foram, por exemplo, favoráveis à redução do número de deputados, acrescentando que “muitos quadros do PSD entendem que um país com 11 milhões de pessoas não precisa deste número de deputados” e que essa é uma das matérias constitucionais que devem ser alterados já antes que o PS “possa ser novamente uma força de bloqueio”.

O líder do Chega disse lamentar e ter tido uma “grande desilusão” com a posição de Luís Montenegro sobre a revisão constitucional, enfatizando que das últimas legislativas saiu uma “maioria histórica” com capacidade para rever matérias como a “alteração de penas”, a “despolitização dos cargos da administração pública” e a garantia de que o texto fundamental “é neutral do ponto de vista ideológico”.

“Ouvir o primeiro-ministro dizer que afinal já não vai por aí e que ficamos com isto para outro momento, francamente, dá-me a ideia de um homem amarrado, de um homem e de um partido amarrados aos interesses habituais da nossa República, sequestrado pelos interesses dominantes e com medo de fazer reformas. (…) Não é um bom sinal para o que aí vem”, acrescentou.

Ventura disse ainda que vai pedir hoje aos conselheiros nacionais a autorização para apresentar nas próximas semanas “um Governo sombra ao país” que combata a corrupção e dê respostas na saúde, habitação e imigração.