
O anúncio foi feito via email enviado aos membros do partido a que o SAPO24 teve acesso.
O líder da IL vai assumir o lugar de deputado que conquistou pelo círculo de Braga e promete que “vai andar por aí”.
Pouco depois de se conhecer o email, Rui Rocha falava em conferência de imprensa, onde justificou que esta foi uma avaliação feita pelo próprio há cerca de uma semana, depois de dois anos e meio de presidência do partido. "A Iniciativa Liberal não atingiu a preponderância política que desejávamos. Foi Liberal para mais portugueses, mas não o suficiente", algo que diz que lhe impõe uma responsabilidade pessoal.
Acrescenta: "Tudo o que fiz foi pelo partido e por isso decidi apresentar a minha demissão". "A visão estratégica apresentada na convenção da Iniciativa está neste momento desatualizada pelas circunstâncias", sublinhou.
No email endereçado aos membros do partido, elabora que “durante os quase dois anos e meio em que tive a honra de exercer a função de Presidente da Comissão Executiva, a Iniciativa Liberal defendeu um Portugal mais livre em quatro eleições regionais (Açores e Madeira), umas eleições europeias e duas eleições legislativas a que se somaram ainda as eleições internas de 2023 e 2025”, e sublinha que os desafios “noutras circunstâncias” seriam enfrentados “em períodos de tempo bem mais alargados, correspondentes a uma ou mesmo a duas legislaturas”.
Rocha recorda ainda que “a Iniciativa Liberal passou a estar representada em todos os parlamentos, obteve o seu melhor resultado de sempre em eleições de âmbito nacional nas Europeias de 2024 e o melhor resultado de sempre em legislativas em número de votos, em percentagem e em número de mandatos nas eleições de 2025”. Além disso, destaca que “o partido deu passos claros no sentido de uma gestão mais profissional, com reforço das equipas e novas ferramentas, crescendo quer em número de núcleos, quer de membros”.
“Ao longo deste tempo como Presidente da Comissão Executiva a minha prioridade permanente foi a de garantir a autonomia estratégica, política e financeira da Iniciativa Liberal”, diz ainda, justificando que foi essa a razão que levou os liberais a recusar “sempre qualquer possibilidade de integrar coligações pré-eleitorais”. “Foi por isso que nos apresentámos a essas eleições com as nossas bandeiras, como único partido que confia nas pessoas e recusa uma visão dirigista, estatista e despesista do país. Foi por isso que recusámos integrar o governo em 2024, constatando que não estavam garantidas as condições para executar uma agenda reformista. Foi por isso que garantimos a atividade do partido com total equilíbrio financeiro e sem endividamento”, acrescenta.
Rui Rocha admite ainda que a IL tomou “as decisões certas nos momentos mais críticos”, desde logo na discussão da moção de confiança, em que votou ao lado de PSD e CDS. Apesar de considerar que a IL fez uma “boa campanha eleitoral” e apresentou “propostas com uma visão positiva para o país” e representou “bem os nossos eleitores”, apontando que esteve "à altura das circunstâncias", "com as eleições legislativas de 2025 abre-se um novo ciclo político que se inicia com uma representação parlamentar significativamente diferente".
Na sua opinião, começa agora “um ciclo político com enormes desafios e para o qual a Iniciativa Liberal não parte com a preponderância de um peso eleitoral pelo qual lutámos e todos desejávamos” — o que leva a presidente da IL a dizer que tem “integral responsabilidade nisso”. “Desta vez foi Liberal para mais portugueses, mas ainda não os suficientes. Ainda não os suficientes para acelerarmos Portugal conforme queríamos e era tão necessário. A exigência que sempre apliquei na minha ação pessoal, profissional e política não me permite ignorar este facto e impõe que decida em conformidade”, justifica.
“Pela minha parte, continuarei a andar por aqui. Assumirei o mandato de deputado na Assembleia da República e contribuirei como membro de base da Iniciativa Liberal em todos os combates onde possa ser útil ao partido e ao país”, conclui.
No e-mail, Rui Rocha acrescenta que fez “tudo” pelo partido, “com total desprendimento”. “A minha intenção sempre foi a de servir a Iniciativa Liberal. Foi assim quando, ainda recém-entrado no partido, prescindia das minhas horas de almoço, das noites ou de fins de semana para colaborar com a equipa de comunicação. Foi assim quando assumi responsabilidades em diferentes órgãos locais e nacionais da Iniciativa Liberal. Foi assim como cabeça de lista pelo círculo de Braga em 2022. Foi assim enquanto Presidente da Comissão Executiva”, escreve e garante que é “com esse mesmo desprendimento de quem nunca esteve ‘agarrado’ a qualquer lugar” e “depois de uma profunda reflexão” que decidiu apresentar a demissão.
“Servir o partido, neste momento, significa abrir a oportunidade para uma discussão interna sobre os caminhos futuros da Iniciativa Liberal, a visão estratégica mais adequada para o novo cenário político e uma nova liderança”, diz por fim.
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