O Papa Francisco pediu hoje, data em que se comemora o Dia Mundial da Ajuda Humanitária, um corte nos gastos militares no mundo a favor do aumento da ajuda humanitária.
O chefe da Igreja Católica apelou à “retirada das armas” e “a uma redução nos gastos militares, para que as necessidades humanitárias possam ser atendidas e para que instrumentos de morte sejam transformados em instrumentos de vida”.
Ao lembrar o Dia da Ajuda Humanitária, o Papa Francisco escreveu na antiga rede social Twitter que “é nossa responsabilidade ajudar a erradicar o ódio e a violência dos corações humanos”.
Este Dia Mundial da Ajuda Humanitária foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2008, em memória ao ataque à sede da ONU em Bagdade, no ano de 2003. Naquele dia 19 de agosto, um atentado terrorista, posteriormente reivindicado pela Al Qaeda, causou a morte de 22 funcionários das Nações Unidas, entre eles, Sérgio Vieira de Mello, diplomata brasileiro que estava no Iraque como alto representante do secretário-geral da ONU.
“Sérgio”, como era tratado por todos ( nome que deu o título à ficção, na Netflix, e a um documentário sobre a sua vida enquanto diplomata), tornou-se funcionário da ONU aos 21 anos. Passou a maior parte da sua carreira a servir em missões humanitárias no Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). Atuou em crises humanitárias no Bangladesh, Sudão, Chipre, Moçambique e Camboja, trabalhando com refugiados e em campos de guerra, segundo a ONU.
“Como assim? Sérgio não morre”
Quando André Simões, sobrinho de Sérgio Vieira de Mello, soube da notícia da morte do seu tio padrinho, respondeu: “Como assim? Sérgio não morre. E não morreu mesmo, ele continua vivo”, disse, num texto de 2017.
Um dia, André perguntou ao tio padrinho: “Sérgio, porque você se arrisca tanto indo para esses lugares tão perigosos? ” E a resposta de Sérgio Vieira de Mello foi: “Porque é lá que as pessoas precisam de mim”.
Sérgio Vieira de Mello foi responsável pela operação de repatriamento e reintegração de moçambicanos que deixaram o país durante a guerra civil. Aos 28 anos, Vieira de Mello assumiu o comando do escritório do ACNUR em Moçambique, tornando-se um dos mais jovens representantes do ACNUR em operação de campo.
Entre 1999 e 2002, Sérgio liderou a missão da ONU que acompanhou a transição de Timor Leste para a democracia (UNTAET). Foi a primeira vez que as Nações Unidas operaram como uma administração governativa num território e Sérgio Vieira de Mello foi o seu administrador transitório (governador). Antes, sob a supervisão das Nações Unidas (UNAMET), deu-se o referendo que levou à libertação de Timor Leste face à vizinha e toda poderosa Indonésia, país ocupante desde 1975.
O então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, afirmava que Vieira de Mello era “a pessoa certa para resolver qualquer problema”. Pouco depois da missão em Timor-Leste, Annan pediu-lhe para ir para o Iraque.
O compromisso do brasileiro com as causas humanitárias ao longo de 34 anos acabou por levá-lo ao cargo de alto comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos em 2002, um ano antes de perder a vida no Iraque. Tinha 55 anos.
Alguns acreditavam que Sérgio Vieira de Mello seria um dia eleito secretário-geral da ONU.
*com Lusa e ONU
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