Em entrevista à SIC, o dirigente afirmou que a sua estratégia para tentar reerguer o CDS-PP passa por transmitir “ideias muito nítidas, identitárias, como o CDS sempre teve”.
“Isso significa termos noção da nossa história, do que o CDS foi, mas ao mesmo tempo apresentar o CDS como um partido útil. Um partido útil significa o CDS saber falar para as novas gerações”, defendeu.
Nuno Melo reconheceu que não estar representado no parlamento traz dificuldades ao partido para se conseguir afirmar, mas apontou que “há hoje formas informais de comunicação que são muito relevantes”.
E salientou que o CDS-PP ainda está presentes nos governos regionais e conta com presidentes de câmara, autarcas e representação no Parlamento Europeu, pelo que “não é um partido qualquer”.
O eurodeputado considerou também, quanto a um eventual regresso à denominação Partido Popular, que “o problema do CDS não é semântico” e “está na necessidade de recuperar quadros, ideias, unir o partido e falar de futuro”.
Sobre os desafios eleitorais, o anunciado candidato defendeu que “um bom resultado nas eleições europeias pode ser um grande catalisador para as eleições seguintes, para a Assembleia da República”, nas quais quer ser candidato.
Apontando que “não há resultados definitivos em democracia”, o dirigente defendeu que “o facto de o resultado agora ser muito mau não significa que seja necessariamente mau no futuro”.
E anunciou uma das medidas que tomará se for eleito presidente do CDS-PP no próximo congresso: “criar um grupo para o acompanhamento da execução do Plano de Recuperação e Resiliência e saber-se como é que o dinheiro é aplicado, de que forma é que ajuda as pessoas, as empresas”.
Melo quer reconciliar o CDS com o seu passado e insistiu numa ideia que deixou no sábado, no discurso de apresentação da candidatura: “Não há tempo nem espaço nem vontade para ajustes de contas, tribalismos, um ambiente que necessariamente nos penalizou na nossa história recente”.
Sobre o facto de não se ter referido ao presidente demissionário, Francisco Rodrigues dos Santos, de quem foi muito crítico, Nuno Melo disse respeitar “todos os ciclos” do partido e que contará “com todas as pessoas que queiram ajudar o CDS, desde que tenham a capacidade, competência, vontade e boa-fé”.
Questionado diretamente se conta com o ainda líder, Nuno Melo respondeu “quem seja” e indicou querer ser “ponte” e não “fratura”.
O centrista sustentou de seguida que o “CDS também tem de voltar a chamar pessoas que em certa medida estavam afastadas nos últimos tempos” ou que “não foram aproveitadas como deviam ter sido”.
Indicando querer um partido “de quadros”, o eurodeputado quer poder contar com “os melhores, com boa-fé, dentro do partido e fora”.
E “nas próximas semanas”, anunciou, vai apresentar “em cada setor grupos de pessoas muito boas que vão ajudar a mostrar hoje aquilo que o CDS já foi”.
O 29.º Congresso do CDS está marcado para 02 e 03 de abril, em local ainda a definir. Os centristas vão eleger o sucessor de Francisco Rodrigues dos Santos, que se demitiu da presidência do partido e não irá recandidatar-se, na sequência dos resultados eleitorais nas legislativas de 30 de janeiro.
O CDS-PP obteve 1,6% dos votos nas legislativas e, pela primeira vez desde o 25 de Abril de 1974, ficou sem representação parlamentar, depois de na última legislatura ter uma bancada de cinco deputados.
Além de Nuno Melo, também o dirigente Miguel Mattos Chaves anunciou uma candidatura à liderança do CDS-PP.
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