A líder bloquista, Catarina Martins, esteve esta tarde na manifestação da Fenprof, em Lisboa, momento à margem do qual reagiu, em declarações aos jornalistas, ao discurso do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, no 111.º aniversário da Implantação da República.
“É verdade quando o Presidente da República diz que já muitas vezes Portugal viu apoios, milhões, fundos, promessas que depois redundaram muito pouco na resolução dos problemas estruturais do nosso país. Precisamos de ter algum cuidado com o que vamos fazer nos próximos tempos”, defendeu a bloquista,
Catarina Martins referiu que “depois de, no primeiro momento, a seguir à ‘troika’, ter havido um esforço em que o Bloco de Esquerda participou para acabar com os cortes que a direita e a ‘troika’ tinham imposto ao país”, agora “é o momento de aproveitar o Plano de Recuperação para combater os problemas estruturais da economia e as desigualdades estruturais”.
“Para isso, é preciso valorizar os salários e as pensões, é preciso mexer na legislação do trabalho porque a primeira forma de haver uma distribuição justa da riqueza num país é através do salário e é aí que as coisas têm corrido mal”, defendeu.
O Presidente da República tinha pedido hoje que se faça do 05 de Outubro uma data viva, com um Portugal mais inclusivo e que entre a tempo no “novo ciclo da criação de riqueza”, aproveitando os fundos europeus.
Na perspetiva da líder do BE, é preciso “mexer na legislação laboral para garantir que há uma evolução dos salários que respeita quem trabalha” e para garantir que “as jovens gerações podem aqui planear fazer a sua vida e não estarem sujeitas à precariedade e baixo salário”.
“Esse é o grande desafio deste momento, só assim é que haverá uma recuperação que seja para o país e não, como já aconteceu noutras alturas, prometem-se milhões, há uma elite que enriquece e os problemas estruturais do país continuam”, avisou.
Marcelo Rebelo de Sousa apelou para que “Portugal por uma vez entre a tempo — isto é, nos primeiros, e não no meio e menos ainda nos últimos — num novo ciclo económico do clima, energia, digital, ciência, tecnologia e renovado tecido produtivo”, advertindo que, “desta vez, falhar a entrada a tempo é perder, sem apelo nem agravo, uma oportunidade que pode não voltar mais”.
Nesta intervenção, o Presidente da República fez um balanço do desenvolvimento do país, considerando-o insuficiente: “Demos tantas vezes passos muito importantes, mas ainda assim acabámos por ficar para trás no que poderíamos e deveríamos ser e em comparação com o que muitos outros são. Mesmo depois de anos ou décadas de crescimento e convergência económica”.
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