Depois de ter sido noticiado que a farmacêutica AstraZeneca teria recusado participar numa reunião de emergência com a Comissão Europeia (CE) agendada para esta quarta-feira, de acordo com o Politico, parece que o encontro vai mesmo avançar hoje à tarde.
Nas primeiras horas da manhã foi um porta-voz da CE a confirmar a vários órgãos de comunicação internacionais que a AstraZeneca não iria participar no encontro, mas agora ao início da tarde surge um porta-voz da farmacêutica a indicar que o encontro vai de facto para a frente. Iskra Reic, vice-presidente executivo da AstraZeneca para a Europa e Canadá, irá representar a farmacêutica.
O laboratório e a UE protagonizam uma dura controvérsia depois de um porta-voz da AstraZeneca ter informado que as entregas da vacina na Europa iriam ser inferiores ao previsto devido a problemas na capacidade de produção numa fábrica na Bélgica. Em números, a redução é de 60%, razão pela qual a farmacêutica já havia sido convocada para se explicar perante os representantes dos Estados-membros.
A notícia do cancelamento da reunião de hoje de manhã seguiu-se a uma entrevista a vários meios internacionais do CEO da AstraZeneca, Pascal Soriot, na terça-feira à noite, na qual insistiu que a empresa não tinha uma obrigação contratual, mas sim um acordo para "fazer o melhor esforço" para fornecer a União Europeia com o número de vacinas previamente acordado.
Outra das questões colocadas a Pascal Soriot prende-se com o facto de o Reino Unido poder vir a receber primeiro as doses produzidas localmente do que a União Europeia, de acordo com o The Guardian.
"O acordo com o Reino Unido foi alcançado em junho, três meses antes do acordo europeu", frisou. "Como pode calcular, o governo britânico disse que o fornecimento que saísse da cadeia de abastecimento britânica iria primeiro para o Reino Unido. Basicamente, é assim que as coisas são", concluiu.
Recorde-se que a vacina da AstraZeneca com a universidade de Oxford contra a covid-19 é uma das oito já asseguradas pela Comissão Europeia para a UE, após a assinatura de um contrato no ano passado para aquisição de 300 milhões de doses. Um corte de 60% significaria menos 180 milhões de doses.
Ainda assim, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) afirmou ontem que prevê aprovar a vacina até ao final desta semana, apesar dos problemas de fornecimento. Falando numa audição por videoconferência na comissão parlamentar de Saúde Pública do Parlamento Europeu, a responsável apontou, ainda assim, estar ciente dos "problemas nas entregas das vacinas" anunciados pela AstraZeneca, esperando que "isso seja resolvido entretanto".
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