"A perceção que eu tenho neste momento é de que este ano os números relativos à UMAR/Açores de casos novos vão aumentar em relação ao ano passado. Nós no ano passado tivemos 117 casos em São Miguel, Terceira e Faial, e este ano vai aumentar consideravelmente. O mês de setembro foi um mês anormal, apareceram-nos imensos casos novos só na UMAR e existem outras instituições", afirmou Maria José Raposo.
A responsável falava na apresentação da campanha "16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres", em Ponta Delgada.
Segundo a presidente da UMAR/Açores, o aumento dos números poderá não significar um aumento da violência, mas uma maior procura de ajuda, devido a "uma maior consciência" que as pessoas têm em relação aos seus direitos e a uma "maior celeridade da Justiça".
"Há sigilo, há profissionalismo, há eficiência, há resposta. O que nós notamos é que quanto mais célere forem as respostas da Justiça, maior [número] de pessoas nos procuram. Cada vez mais têm a noção de que é um problema que tem solução e então procuram ajuda, ajuda jurídica, psicológica para poderem ter uma vida saudável", disse.
Maria José Raposo explicou que a maioria dos casos que chegam à UMAR são de "violência física e psicológica", sendo que em terceiro lugar aparece "uma violência muito forte ao nível sexual".
Segundo a representante da UMAR nos Açores, há uma tendência para se registar uma maior procura de ajuda na altura das festividades do Natal e Ano Novo, o que poderá ter a ver com um maior consumo de álcool, mas também "com as promessas de ano novo de mulheres que querem mudar de vida.
"Nós notamos que a seguir ao Natal, ali no início do ano novo, é quando nós temos um índice de procura extremamente grande", disse.
A presidente da UMAR/Açores lembrou que "há ainda muito trabalho a fazer" no que toda à "mudança de mentalidades", sobretudo dos mais jovens. Por isso, a associação está a introduzir nas escolas um projeto de prevenção intitulado "Violentómetro", que pretende "medir a relação de violência que existe entre os jovens dos 12 aos 18 anos".
"Para que, de uma vez por todas, possamos ver se conseguimos acabar com as violências que existem nesta faixa etária, para nós podermos trabalhar para o futuro, porque nós estamos a encontrar filhos de gerações que já trabalhámos", disse.
O projeto, a dois anos e que vai traçar "o perfil dos jovens açorianos quanto à violência entre jovens e nas relações de namoro", está a ser implementado nas escolas básicas e secundárias da Região Autónoma dos Açores, numa primeira fase com a realização de um inquérito. Deverá haver resultados "no final do ano letivo".
Maria José Raposos falava hoje aos jornalistas no dia em que se celebra o Dia Internacional da Erradicação da Violência sobre a Mulher e sobre a campanha que a UMAR inicia hoje, até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
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