"Esta classificação é uma grande alegria para todos nós. É a primeira paisagem do país a ser classificada como monumento nacional. Até agora esta classificação tinha sido atribuída a edificado", afirmou hoje à agência Lusa João Manuel Esteves (PSD).
Encaixada no fundo de um vale, situado às portas do Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), a aldeia de Sistelo, considerada o pequeno Tibete português, integra a Rede Natura.
Os socalcos verdes, junto ao rio Vez, representativos "da relação que o homem desenvolveu com a natureza e a forma como a moldou", as casas típicas, os moinhos e os espigueiros são "marcas de um passado com centenas de anos".
Um comunicado do Conselho de Ministros, datado de quinta-feira, refere "a aprovação do decreto que classifica como monumento nacional a Paisagem Cultural do Sistelo, em Arcos de Valdevez, fixando restrições para a proteção e salvaguarda da aldeia de Sistelo e paisagem envolvente".
"A decisão do Conselho de Ministros representa o culminar de um processo que reiniciamos em 2015 mas também o reconhecimento da excelência, da monumentalidade, da maravilha e do trabalho de gerações. É um grande orgulho para todos nós e para todas as gentes de Sistelo espalhadas pelo mundo", afirmou o autarca.
Questionado pela Lusa sobre uma candidatura a património da Unesco, João Manuel Esteves disse que essa possibilidade "está em cima da mesa".
"A classificação como monumento nacional e, em setembro, a eleição como uma das "7 Maravilhas de Portugal", na categoria de Aldeia Rural, faz saltar essa possibilidade para cima da mesa. Vamos ter de, claramente, ponderar essa questão", referiu.
O autarca social-democrata destacou que a classificação agora alcançada representa "uma grande responsabilidade", adiantando que o município "vai apresentar, até final do ano, uma candidatura ao programa Valorizar, estimada em 400 mil euros".
"Queremos valorizar a paisagem, os produtos locais, o património natural, o edificado, desde os espigueiros, as eiras e moinhos, a Casa Castelo de Sistelo onde pretendemos instalar um centro interpretativo da biodiversidade do rio Vez", explicou.
O processo de classificação começou, em 2015, com a apresentação da candidatura, pela Câmara e Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) à Direção Geral do Património Cultural (DGPC), que o remeteu para Secção do Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura, tendo sido aprovada por unanimidade.
A abertura do processo de classificação foi publicada em Diário da República, em dezembro de 2015, como forma de "preservar e valorizar" os socalcos de produção agrícola, "únicos no país".
Em maio, a proposta foi formalizada pela DGPC ao Ministério da Cultura, e fundamentada num parecer da Secção do Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura.
A área agora classificada "abrange um alargado espaço de inigualável qualidade ambiental e natural, vizinho do único parque nacional do país, o Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), portador de um notável património etnográfico e histórico, marcado por centenas de anos de ocupação humana que moldaram a paisagem, com destaque para os singulares e excecionais socalcos de produção agrícola, únicos no país, e que valeram já a Sistelo uma outra classificação informal, a de pequeno Tibete português".
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