Num comunicado enviado às redações, no qual lembram que “há mais de 15 dias que a Amazónia arde”, 42 associações e coletivos – entre os quais Fórum Indígena de Lisboa, Habita, SOS Racismo, Associação de Combate à Precariedade-Precários Inflexíveis, Casa Ninja Lisboa, Climáximo, Panteras Rosa, GAT-Grupo de Ativistas em Tratamentos e Consciência Negra – exigem “um posicionamento do Governo português perante estes crimes contra a humanidade e o planeta” e apelam “ao boicote de todos os produtos provenientes do agronegócio brasileiro e ao cancelamento da vinda de Jair Bolsonaro a Portugal no começo de 2020”.

Além disso, os signatários do comunicado defendem “a entrega incondicional dos territórios indígenas aos seus povos, demarcando as suas terras e fiscalizando essas demarcações contra as invasões ilícitas de madeireiros, garimpeiros e tentativas de grilagem”.

A “grilagem” é, no Brasil, a falsificação de documentos para ilegalmente tomar posse de terras devolutas ou de terceiros.

O número de incêndios no Brasil aumentou 83% este ano, em comparação com o período homólogo de 2018, com 72.953 focos registados até 19 de agosto, sendo a Amazónia a região mais afetada.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.

Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro anunciou que a desflorestação da Amazónia aumentou 278% em julho, em relação ao mesmo mês de 2018.

As 42 associações e coletivos consideram que para o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, a Amazónia “é mais uma vaca para abate no agronegócio”.

“O seu Governo segue uma política de destruição e de extermínio vertiginosas e desmonta órgãos de fiscalização e de pesquisa, assiste impávido à saída de investimentos milionários da Noruega e da Alemanha do Fundo Amazónia, tenta alterar a Constituição Brasileira que regula a demarcação de terras indígenas e chegou a incentivar grupos de fazendeiros do sudeste do Pará a anunciar o ‘dia do fogo’, coordenando uma queima em massa de áreas em processo de desflorestação”, acusam.

No comunicado, as associações e os coletivos anunciam a realização de uma concentração – Lisboa pela Amazónia – na segunda-feira às 18:00 na Praça Luís de Camões, em Lisboa.

No sábado, algumas dezenas de pessoas, entre manifestantes e curiosos, concentraram-se no Porto em defesa da Amazónia e do ambiente, apostados em “entrar no mapa das mobilizações internacionais” para pressionar a saída de Bolsonaro do poder.

“Queremos entrar no mapa das mobilizações internacionais para ver se conseguimos pressionar para tirar o Bolsonaro do poder”, afirmou Fabiana Martins, da organização, em declarações à agência Lusa, numa iniciativa destinada a “denunciar as queimadas criminosas na Amazónia”.

Explicando tratar-se de uma concentração “tanto de portugueses como de brasileiros - convocada por pessoas com preocupações ambientais e com a Amazónia” e por movimentos como O Porto não se vende, A Colectiva e o Extiction Rebellion, além de ambientalistas, feministas e a comunidade de imigrantes brasileiros -, Fabiana Martins destacou a preocupação que todos partilham “não só com a Amazónia, mas com todas as políticas de extermínio que Bolsonaro tem promovido, tanto de genocídio como de ecocídio”.