A falta de combustível, que se verifica desde sexta-feira e provocou filas de centenas de metros nas poucas bombas que ainda tinham gasolina, sobretudo no sábado e no domingo, voltou hoje a verificar-se em alguns pontos, segundo uma ronda que a Lusa realizou pela capital angolana.
Num dos postos da Sonangol no bairro do São Paulo, o movimento é praticamente nulo, dada a falta de gasolina e de informações, enquanto no vizinho posto da Pumangol há gasolina, mas só desde domingo à noite.
Numa das bombas do município do Cazenga, o funcionário Manuel Kiala refere que, além da gasolina, agora também já começa a faltar o gasóleo.
“Desde segunda-feira passada que estamos assim, porque também ficámos sem gasóleo. Mas os clientes estão aflitos para encontrar gasóleo porque é o que eles mais usam para abastecer os geradores devido às falhas de energia na zona”, apontou, sem conseguir explicar os motivos que estão na base desta situação.
Por estes dias, a generalidade dos postos de combustível de Luanda tem alternado entre a placa à entrada “Não há gasolina” e filas de dezenas de automóveis.
Num comunicado enviado no sábado à Lusa, a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) refere que se “registou um atraso de 24 horas na distribuição de combustíveis”, especialmente de gasolina, na rede de postos da província de Luanda, devido a “problemas operacionais relacionados com a logística de distribuição”, ocorridos na quinta-feira.
“Perante este facto, a Sonangol ativou, de imediato, os seus planos de contingência, que triplicaram o fornecimento de combustíveis aos postos de abastecimento de Luanda, durante as últimas 48 horas”, referia a companhia, prevendo a regularização da situação ao longo do dia de sábado.
A Sonangol admite que a situação levou a um “constrangimento junto dos consumidores finais”, que diz ser “fruto de uma perceção da anormalidade no fornecimento dos postos de abastecimento” da capital angolana, “a que acresce a difusão de várias notícias falsas sobre a origem da mesma, o que provocou uma excessiva, e natural, procura de combustíveis”.
A petrolífera liderada por Isabel dos Santos refere mesmo que a situação levou a “tentativas de açambarcamento e prática de preços especulativos” no mercado, no entanto afirma que “não existe nenhum problema substancial no fornecimento de combustíveis em Luanda”.
“Lamentando esta situação pontual, apela à população que regresse às práticas habituais de consumo, já que não existem quaisquer razões para temer, a curto, médio e longo prazo, qualquer problema com o fornecimento de gasolina e gasóleo aos postos de abastecimento”, concluiu o comunicado da Sonangol.
Angola é o segundo maior produtor de petróleo em África, com mais de 1,6 milhões de barris de crude por dia, mas a capacidade de refinação nacional é insuficiente, cingindo-se a atividade à refinaria de Luanda, o que obriga à importação de grande parte dos produtos refinados que o país consome.
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