Uma agente do FBI - a unidade de polícia do Departamento de Justiça dos Estados Unidos -, na posse de informação secreta, viajou para a Síria em 2014 e casou-se com um membro do autoproclamado Estado Islâmico, o homem que estaria a investigar.

A história é relatada pela CNN que conta que Daniela Greene mentiu ao FBI, dizendo que ia à Alemanha visitar os seus pais quando, na realidade, se dirigia para a Síria ao mesmo tempo que avisava o seu novo marido de que este estava a ser investigado.

Denis Cuspert, o marido, é um rapper alemão conhecido pelo nome artístico de Deso Dogg que se tornou num recrutador do autoproclamado Estado Islâmico.

Antes de se ter juntado ao grupo jihadista na Síria, Cuspert vivia na Alemanha onde cultivava a típica imagem do rapper gangster americano. No entanto, uma experiência de quase morte, após um acidente de carro, fez o antigo músico mudar radicalmente a sua vida. Em 2010 deixou o mundo do rap e converteu-se ao islão dedicando-se às músicas muçulmanas de devoção, as Nasheeds.

Na Síria, Cuspert passou a ser conhecido por Talha al-Almani e entrou no radar das autoridades depois de uma música em que louvava Osama bin Laden e ameaçava o antigo Presidente dos Estados Unidos. No videoclip, o jihadista simulava cortar a garganta a Barack Obama, uma imagem várias vezes repetida em vídeos de propaganda.

“Embaraçoso”

O FBI, em declarações à CNN, disse que, na sequência do caso, foram tomadas várias medidas para identificar e reduzir alguns pontos de vulnerabilidade.

"É um embaraço impressionante para o FBI, sem dúvida alguma", disse John Kirby, um ex-funcionário do Departamento de Estado, acrescentando que suspeita que a entrada de Greene na Síria exigiu a aprovação dos principais líderes do ISIS, e por isso uma enorme coordenação entre a agente a organização jihadista.

Daniela Greene: “Se falar a minha família ficará em perigo”

Poucas semanas depois de se casar, a agente de 38 anos regressou aos Estados Unidos onde acabou por ser detida.

Daniela Greene, que agora trabalha como rececionista de um hotel, disse, em declarações à CNN, que tinha medo de discutir os detalhes do caso. “Se falar a minha família ficará em perigo”, disse a antiga agente do FBI.

No entanto, a história só agora chegou aos jornais, quase três anos depois, tendo sido mantida em segredo como um episódio embaraçoso. Por outro lado, o caso também levantou várias questões sobre o tratamento que a agente recebeu por parte da justiça norte-americana, uma vez que esta foi julgada por uma ofensa menor, depois de esta se ter oferecido para cooperar com as autoridades e assim reduzir a pena.