
As forças paquistanesas iniciaram disparos de armas de pequeno porte, visando posições indianas em zonas sensíveis.
As tropas indianas posicionadas ao longo da “linha de controlo”, a fronteira ‘de facto’ que separa as zonas indiana e paquistanesa de Caxemira, “responderam eficazmente aos disparos não provocados”, disse uma fonte da defesa indiana à agência de notícias EFE.
Foram relatados incidentes nos setores de Naushera, Sunderbani, Akhnoor, Baramulla e Kupwara da “linha de controlo” e no setor de Pargwal da fronteira reconhecida internacionalmente, na região de Caxemira.
“O Paquistão violou o cessar-fogo e abriu fogo contra as posições indianas (…). As nossas tropas responderam eficazmente”, disse a fonte.
Há várias noites que se regista fogo cruzado de artilharia ligeira entre soldados paquistaneses e indianos ao longo da “linha de controlo”, segundo o Exército indiano.
A denúncia surgiu horas depois de o ministro da Informação do Paquistão, Attaullah Tarar, dizer que o país “tem informações credíveis de que a Índia pretende lançar um ataque militar nas próximas 24 a 36 horas, usando o incidente de Pahalgam como pretexto”.
A 22 de abril, vários homens armados mataram a tiro 26 pessoas na cidade turística de Pahalgam, na parte de Caxemira administrada pela Índia.
“Qualquer agressão será recebida com uma resposta decisiva. A Índia será totalmente responsável por quaisquer consequências graves na região”, acrescentou Tarar, em comunicado.
Num sinal das tensões extremas na região, o Paquistão anunciou na terça-feira que tinha abatido um drone de vigilância indiano, sem especificar a data do incidente, sobre o qual a Índia se manteve em silêncio.
Nova Deli responsabilizou Islamabade pelo atentado de 22 de abril, o mais mortífero em mais de 20 anos contra civis nesta região de maioria muçulmana.
O Paquistão negou imediatamente qualquer envolvimento e exigiu a realização de um “inquérito neutro”.
Na terça-feira à noite, o primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, instou o secretário-geral da ONU, António Guterres, a exortar a Índia a exercer moderação e voltou a negar firmemente o envolvimento do Paquistão no ataque terrorista.
Durante uma conversa telefónica, Sharif manifestou profunda preocupação com as tentativas da Índia de “deslegitimar a luta pela liberdade de Caxemira”, considerando-a “terrorismo”.
Caxemira foi dividida entre a Índia e o Paquistão quando estes se tornaram independentes, em 1947. Mas os dois adversários continuam desde então a reivindicar a total soberania sobre a região.
Desde 1989, a parte indiana é palco de uma insurreição separatista que já fez dezenas de milhares de mortos.
Também na terça-feira à noite, Guterres falou com o ministro dos Negócios Estrangeiros indiano.
Subrahmanyam Jaishankar disse que o secretário-geral da ONU concordou “sobre a importância da responsabilização” e afirmou que a Índia “está determinada a que os perpetradores, planeadores e instigadores deste ataque sejam levados à justiça”.
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