O que é o Vodafone Paredes de Coura?
É o festival ao qual muitos se deslocam, e não é apenas (ou, por vezes, sequer) pelo cartaz. Situado na praia fluvial do Taboão, nas margens do rio Coura, o festival de Paredes de Coura é um mito vivo junto da comunidade melómana portuguesa, que ali procura o sossego e a paz de espírito que não encontra em eventos de cariz urbano. O ambiente, tanto o geográfico como o populacional, também ajuda; existe uma certa camaradagem entre todos os presentes e um convívio salutar onde amizades para uma vida são criadas e fomentadas.
O que não quer dizer que a música seja relegada para segundo plano. Por Paredes de Coura passaram já nomes como Motörhead, Bauhaus, Sex Pistols, Nine Inch Nails, Raincoats, Red House Painters, Mr. Bungle, Coldplay, Queens of the Stone Age, PJ Harvey ou Placebo entre muitos, muitos outros artistas. Este ano, as honras caberão aos regressados Wedding Present – que ali irão interpretar "George Best", o seu álbum mais conhecido –, Beach House, At the Drive-In, BadBadNotGood, Japandroids e Ty Segall, para dar alguns exemplos.
Espera. Praia fluvial do Taboão, ou margens do rio Taboão?
Bem, a verdade é que tanto imprensa como festivaleiros costumam referir-se ao local onde se realiza o festival como “margens do rio Taboão”. Está errado, claro; rio Taboão não existe. Existe, isso sim, o rio Coura, o qual divide os palcos propriamente ditos da zona destinada ao campismo. Campismo esse que, em muitos aspetos, se tornou ainda mais mítico do que o festival em si – culpa da lama (quando chove), dos espalhanços na ponte (quando se bebe) e das noites alcoólicas sem dormir (quando festivaleiros insones decidem levar megafones). Já Paredes de Coura fica na belíssima região do Minho, e enche-se de vida mal o festival se aproxima.
E como é que chego até lá?
Há vários modos de se chegar a Coura, mas estão todos ligadas ao alcatrão e às estradas: se levar a sua própria viatura, o ponto de referência é a A3, saída Paredes de Coura. A partir daí é só seguir pela EN303 até vislumbrar a vila. Como sempre, os portadores de bilhetes poderão usufruir de um desconto nas viagens oferecidas pela Renex/Rede Expressos a partir de vários pontos do país, realizando-se estas de 10 a 20 de agosto.
Se for agora ainda encontrarei espaço para a minha tenda?
O campismo é imenso, mas o mais provável é que já tenha perdido todos os lugares bons – há quem chegue à vila para montar o seu estaminé vários dias antes do início do festival. Mas não desespere, haverá sempre uma sombrinha à sua espera. Ou reze para que tal aconteça. E, claro, não é obrigatório acampar – mas, nesse caso, teria de ter reservado um quarto num hotel ou no Airbnb muitos meses antes. Há quem o tenha feito há vários meses...
Ainda há bilhetes, ou já não vou a tempo?
Sim, ainda há bilhetes. À venda em todos os locais habituais, a preços que vão dos 45 euros (no caso dos bilhetes diários) aos 90 euros (no caso dos passes para os quatro dias). Baratíssimo para o que é: umas mini-férias com vista para algumas das melhores paisagens de Portugal. E alguma da melhor comida, também. O que não falta pela vila são bons restaurantes ou tascos.
Certo. Que bandas tenho mesmo de ver?
Os Wedding Present, banda britânica que ficou para a história do indie rock com o seu primeiro álbum, "George Best", precisamente aquele que irão apresentar em Paredes de Coura. Os gigantescos Mão Morta, que são a melhor banda da história da humanidade (e não pedimos desculpa por não estarmos a ser objectivos) que ali interpretarão um dos seus melhores discos, "Mutantes S.21". Os At the Drive-In, norte-americanos que marcaram toda uma geração e que estão de regresso aos Lps 17 anos depois. E ainda nomes indispensáveis do rock actual como Car Seat Headrest, Japandroids, Nothing ou Ty Segall. E a jarda dos Lightning Bolt. E a pop delicodoce dos Beach House. E o jazz segundo os BadBadNotGood. E, e, e...
Que vai haver para além dos concertos?
Mais concertos! Desengane-se se acha que neste festival haverá espaço para filas intermináveis na busca de um pufe insuflável ou bungee jumping ou rodas gigantes. O que move Paredes de Coura é mesmo a música, sem interrupções. Para além dos espetáculos principais, conte com concertos junto ao rio, no palco Jazz Na Relva; com uma nova edição do Vozes da Escrita, onde várias celebridades e menos-celebridades irão oferecer duas sessões de leitura inéditas; e com um “aquecimento” na vila, já a partir de sábado (12), com concertos de Sunflowers, Nice Weather For Ducks e Conjunto Corona, entre outros.
Convencidíssimo/a. Mais alguma coisa?
Sim: leve, como é natural, toalha de praia e protetor solar para aproveitar os mergulhos no rio – e não estranhe se a água lhe parecer gelada, sempre o foi e sempre será. Isto, partindo do princípio que o festival mantém a toada de anos anteriores, em que o sol se erguia esplendoroso; tempos houve em que ir a Paredes de Coura significava enfrentar borrascas e enlamear toda a roupa para lá levada. Pelo sim pelo não, leve umas botinhas e um impermeável. O festival realiza-se de 16 a 19 de agosto e esperamos vê-lo por lá.
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