Em entrevista à agência Lusa em Alcobaça, terra-natal do quarteto, o compositor Nuno Gonçalves e a vocalista Sónia Tavares são perentórios: “É lógico que temos uma excitação tremenda por lançar este disco, achamos que é de longe o nosso melhor disco”, diz o primeiro, com a cantora a sublinhar que “Altar” não pode “ficar escondido”, pelo que a banda quer “mostrá-lo a toda a gente”.
“Altar”, a editar na sexta-feira, integra 10 novas canções – nenhuma em português – e foi produzido por Brian Eno, que pertenceu aos Roxy Music e, para além de ser dono de uma longa carreira a solo, gravou álbuns para nomes como Devo, Talking Heads, U2 ou Coldplay.
Quando se trabalha com um nome como este, admite Sónia Tavares, “as expectativas são maiores” do que o normal, mas aos 22 anos de carreira os The Gift “já dificilmente se deslumbram com alguma coisa”, prossegue.
Eno, todavia, foi alguém que entendeu o coletivo, mesmo quando estes se “esqueciam” com quem estavam a trabalhar: “Às vezes tomávamos o pequeno-almoço juntos, ele [Eno] presenteava-nos com a marmelada que fazia de manhã apanhando laranjas selvagens. E às tantas estávamos todos aos gritos a dizer barbaridades e até nos esquecíamos que estávamos ali com o Brian Eno”, revela Sónia Tavares, entre risos.
Nuno Gonçalves, por seu turno, define “Altar” como “um disco demorado, um disco muito cozinhado no sentido em que as versões finais demoraram muito tempo a aparecer”, mas os verdadeiros conhecedores do grupo não demorarão, acredita, a integrar as novas canções.
“Quem realmente conhece os Gift e quem realmente ouve os discos dos Gift e não faz opinião formada por uma canção que passa na rádio, não vai ficar surpreendido”, concretiza, destacando a “experimentação” que continua a haver e as “canções intensas” que o palco tratará de “acentuar”.
E remata: “Os Gift nunca fizeram um disco igual. As pessoas que realmente conhecem os Gift não vão demorar tanto tempo a aperceber-se do que é o disco. Os outros… é preciso é saudinha”.
“Altar” recebeu da revista britânica Uncut nota oito numa escala de 10, e embora os Gift defendam que “não têm nada a provar a ninguém” após 22 anos de carreira, Nuno Gonçalves admite a dificuldade em por vezes penetrar em certos circuitos porque “a pop sempre deu prioridade aos novos”.
De todo o modo, o músico lembra que a carreira dos quatro de Alcobaça foi sempre feita “lateralmente” aos grandes circuitos de festivais de verão ou editoras musicais.
“A nossa carreira só pode ter a longevidade que tem precisamente porque temos um público que responde afirmativamente e compra os discos e vai aos concertos”, declara.
Em palco, a banda prepara-se para apresentar o novo disco numa digressão por teatros e auditórios, mas o compositor maior dos The Gift diz que este é um disco para ser trabalhado em palco até “finais de 2018″, em Portugal e “lá fora”.
A ideia é mostrar “Altar” a “toda a gente”: “Agora se vai correr bem ou não, isso já são outros quinhentos”, diz Sónia Tavares, entre risos.
Os alcobacenses The Gift editam na sexta-feira o álbum “Altar”.
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