Em entrevista à agência Lusa, Mariza, em vésperas de partir para os Estados Unidos, antecipou o novo álbum, que vai ter percussões, a participação da sua mãe, Isabel Nunes, e volta a ser produzido pelo espanhol Javier Limón, que também assinou os anteriores álbuns "Terra" (2008) e "Mundo" (2015).
“Eu costumo colocar habitualmente percussões nos meus discos, e gostava que este puxasse para as minhas raízes africanas, uma coisa mais terra, mesmo, e também um bocado mais mediterrânico”, disse a intérprete nascida em Moçambique.
O CD, a editar pela Warner Music, contará, entre outras, com composições de Tiago Machado, que assinou “Ó gente da Minha Terra”, “Caravelas” ou “Os Anéis do meu Cabelo”, do repertrório de Mariza, e ainda de Custódio Castelo, Jorge Fernando (quatro temas) e uma balada de Carolina Deslandes.
Entre as composições de Tiago Machado, está uma para um poema de Mariza, cujo título provisório é “Só”.
“É um tema muito pessoal”, advertiu a intérprete, referindo em seguida: “Não contava, mas entre os poemas que enviei para o Tiago [Machado] foi sem querer um meu, que ele gostou e musicou”.
“Não sei se vou ter coragem de o cantar ao vivo, mas gravado já está”, declarou.
Outras das surpresas do CD é a participação da mãe de Mariza, Isabel Nunes, que recita umas frases de autoria da filha, em bitonga, um dos dialetos nativos de Moçambique, falado pela família, do lado materno da cantora.
“Na introdução de ‘Verde Limão’, falo da força da mulher; essa palavras são ditas em bitonga pela minha mãe que diz: ‘As mulheres têm a sabedoria da terra, a força dos ventos, a energia das águas e a leveza do fogo’”, adiantou.
Entre os temas de autoria de Jorge Fernando, Mariza escolheu “Velho Fado” e “Triguireinha”, para o qual convidou, a cantarem consigo, Jorge Palma, Tim, Marisa Lins, Mafalda Veiga, Carolina Deslandes e Ricardo Ribeiro. Todos os direitos deste tema revertem para a Casa do Artista, em Lisboa.
Maria da Fé é outra das convidadas de Mariza, com quem interpreta “Fado Errado” (Frederico de Brito). No início da carreira, como fadista, Mariza cantou na casa de fados de Maria da Fé e do poeta José Luís Gordo, Senhor Vinho, em Lisboa, e, em vários espetáculos, as duas fadistas, de forma espontânea, têm cantado este fado.
“Gosto muito deste fado”, disse Mariza, que, de quando em vez, continua a ir cantar ao Senhor Vinho.
No total, o CD conta 14 temas, entre eles “Outro Tempo”, de autoria de Ângelo Freire.
Referindo-se a "Fado bailado", Mariza afirmou: “Isto é o que sinto vontade de fazer neste momento, e só consigo funcionar assim”, rematou a intérprete.
“Fado Bailado” sucede ao álbum “Mundo”, editado em outubro de 2015, e que marcou o regresso de Mariza a estúdio, cinco anos depois de “Fado Tradicional” (2010).
Mariza estreou-se discograficamente em 2001 com o álbum "Fado em Mim", no qual gravou temas de Tiago Machado e Jorge Fernando, e resgatou do repertório fadista "Loucura", "Maria Lisboa" e "Há Festa na Mouraria", entre outros.
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