Nesta 12.ª edição do prémio literário, o júri decidiu distinguir a história de José Dias Pires por ser "uma obra muito original no que concerne ao seu estilo literário", indica a organização em nota de imprensa.

"A história apresenta um ritmo muito dinâmico, com o desafio do estilo com trava-línguas e rimas, que vai certamente agarrar os leitores mais pequenos. Além disso, incorpora os protagonistas clássicos dos livros infantis, como as bruxas e castelos, que assumem o imaginário criativos das crianças”", lê-se na justificação do júri.

Narrada em rima e com uma forte componente de oralidade, em lengalenga, a obra vencedora conta a história de três bruxas que ordenaram a construção de outros tantos castelos "escuros, sujos, grandiosos, belos" - um na água, outro no chão e outro no ar. Os três castelos foram por "tubarões Glutões com olhos de botões", por "abutres Abrutados dos voos desastrados" e por "centopeias Andantes das cem sapatilhas horripilantes".

José Dias Pires, natural de Castelo Branco, é autor de mais de duas dezenas de obras de poesia, romance, teatro e ficção para os mais novos, nomeadamente “Giganteiras Miniaturas” (2017), “Travalengas a dobrar” (2016) e “Travalengas” (2015).

Publicou ainda "Manifesto do Imaginário" (2000), “Sonhar com Comenius” (2005), “Contraditório dos Peixes” (2024) e “Vento do Fim, os Nós no Fio de Água”, que foi uma das obras distinguidas com o Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes 2024.

Professor durante vários anos, José Dias Pires também dirigiu a Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Castelo Branco e preside à Junta de Freguesia de Castelo Branco (PS). É igualmente comissário do Festival Literário naquela cidade.

"Gosto muito de escrever, dançar com as palavras, conforme a música, a vida, quando rompem as manhãs, não importa a que horas do dia. Ter, inesperadamente, recebido a escolha unânime do júri do Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce representa uma honra e uma enorme satisfação”, referiu o escritor José Dias Pires citado na nota de imprensa.

O Prémio de Literatura Infantil foi criado em 2014 por aquela empresa de retalho e tem um valor monetário de 50.000 euros a repartir em partes iguais pelos autores distinguidos nas categorias de texto e de ilustração.

Com José Dias Pires a vencer o prémio na categoria de texto, segue-se agora a fase de candidatura ao galardão na categoria de ilustração, que abre no próximo dia 13. Em novembro deverá ser publicado o livro.

O júri na categoria de texto integrou a investigadora Dora Batalim SottoMayor, o escritor Álvaro Magalhães, a autora e editora Mafalda Milhões, Regina Duarte (comissária do Plano Nacional de Leitura) e Filipa Pimentel (em representação do Pingo Doce).

Ao fim de dez edições a premiar novos autores sem obra publicada, a organização decidiu em 2024 que este prémio passaria a reconhecer "exclusivamente, trabalhos originais e inéditos de autores e ilustradores que já tenham obra publicada em livro".

Em 2024, o Prémio distinguiu a autora Catarina Fonseca e a ilustradora Mané Peixoto pela obra “Eu e o segredo do Faraó”.

Em anos anteriores foram publicados, entre outros, “O livro que não sabia o que queria ser”, de Cláudia Abrantes e Márcio Martins, “O avô minguante”, de Daniela Leitão e Catarina Silva, e “De onde vêm as bruxas?”, de Joana Lopes e Luís Belo.