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Já ouviste falar em“Eat The Rich”?

Se não conheces a expressão, que nasceu fora da Internet, mas que tem dominado as redes sociais nos últimos tempos, “eat the rich”, que em português significa “devorar os ricos”, está associada a um ditado do filósofo Jean-Jacques Rousseau. Ora, é numa tentativa de personificação deste lema anticapitalista que aparece o título “The White Tiger”, ou “O Tigre Branco”.

Começou por ser um livro, da autoria de Aravind Adiga, que se tornou num best seller um pouco por todo o mundo. Ganhou o Man Book Prize e foi distinguido pelo New York Times na lista de best sellers nos Estados Unidos. Mas, mais do que um livro reconhecido, esta é uma boa história. E, como muitas boas histórias, acabou por ganhar a sua adaptação para o cinema. Foi há uns dias que o filme chegou à Netflix, e já recebeu um bom feedback, com uma pontuação de 91% no Rotten Tomatoes e uma presença no top de conteúdos mais vistos da plataforma.

A personagem principal da história é Balram Halwai. O rapaz indiano nasceu e cresceu numa pequena povoação no lado menos desenvolvido do seu país. Ainda que com um acesso limitado à educação, foi considerado desde pequeno um tigre branco, uma espécie rara, da qual só nasce um em cada geração. Mas para além de inteligente, Balram era ambicioso. Numa tentativa de escapar do sítio onde tinha crescido, aprendeu a conduzir e tornou-se o motorista de uma família poderosa da Índia.

Ninguém diria que alguém que é maltratado diariamente, que se vê obrigado a passar por cima de colegas de trabalho para conseguir uma vida melhor e que é muitas vezes considerado “um empregado de casta baixa” ia ver neste trabalho o emprego de sonho. Mas nem tudo na nova vida de Balram corre bem e, uns anos depois, passa a ser um dos homens mais procurados da Índia, responsável por um assassinato.

Esta é uma história que nos mostra que há duas Índias, uma pobre e sem condições, e outra mais evoluída onde muitos ambicionam chegar de forma desmedida. Mas ambas dominadas pela corrupção e desigualdade.

  • Uma ficha técnica impecável: O filme é realizado por Ramin Bahrani (“Fahrenheit 451” e “Chop Shop”) e a personagem principal é interpretada por Adarsh Gourav. Esta longa metragem conta ainda com a participação de Rajkummar Rao e Priyanka Chopra, duas das caras mais conhecidas do entretenimento indiano.
  • Comparações nada semelhantes: Há quem diga que “The White Tiger” faz lembrar “Quem Quer Ser Milionário?”. Mas confesso que, tirando os cenários da Índia como pano de fundo e a temática da ascensão social, há pouco de semelhante nas duas histórias.
AQVGD – edição 80 – White Tiger AQVGD – edição 80 – White Tiger

As patroas da música pop na Netflix

Entre as séries lamechas e os filmes de ação, a Netflix tem disponíveis vários conteúdos ligados a alguns dos artistas mais conhecidos em todo o mundo. Quer seja em formato de documentário ou de série, focados numa performance, num álbum ou na carreira do cantor, das deusas intemporais aos fenómenos brasileiros, o que não faltam são opções.

Por isso, e para que saibas por onde começar, vou dar-te algumas sugestões, todas no feminino, com nomes inconfundíveis e artistas que são presença obrigatória em qualquer playlist de pop:

  • “Vai Anitta” e “Anitta: Made in Honorário”: Aquela que é atualmente a maior artista brasileira já conta com duas séries documentais na plataforma de streaming. A primeira, que saiu em 2018, foca-se no EP “CheckMate”, no trabalho da cantora para chegar ao resultado final, e mostra-nos a evolução de Anitta, que estava na altura a crescer em popularidade fora do Brasil. Já a segunda série, que estreou nos últimos dias de 2020, dá-nos um olhar mais intimista por toda a sua carreira. Nos 6 episódios há espaço para falar sobre como tudo começou, para relembrar o tempo nas favelas e como se rendeu aos encantos do funk, e para mostrar que, mesmo que sejas a Anitta, nem sempre corre tudo bem.
  • “Ariana Grande: Excuse Me, I Love You”: Numa altura em que ainda não vamos saber ao certo quando é que vamos voltar a disputar a fila da frente de um concerto de um dos nossos artistas favoritos, Ariana Grande decidiu presentear os fãs com uma recordação da Sweetener World Tour de 2019. Foi um ano depois de terminar, em dezembro de 2020, que apresentou o filme documental que nos vai guiar pelos bastidores e pelos preparativos dos espetáculos, que vão culminar em atuações arrepiantes, onde dei por mim no sofá a cantar com os milhares que estavam na audiência.
  • “Taylor Swift's Reputation Stadium Tour” “Miss Americana”: Se gostas da Taylor Swift, também há mais do que uma opção disponível para ti na Netflix. Para além de poderes ver o concerto completo do álbum "Reputation", lançado em 2017, que te vai fazer sentir como se estivesses no estádio, em 2020 saiu um documentário que vai aquecer o coração dos fãs mais aguerridos. “Miss Americana” vai mostrar-te durante quase uma hora e meia o lado mais frágil da artista, que nos fala sobre vários acontecimentos que marcaram a sua vida e carreira. Curioso? Podes ler um pouco mais sobre o documentário neste artigo do SAPO24.
  • “Gaga: Five Foot Two”: Controversa, diferente e poderosa são algumas das palavras que descrevem Lady Gaga. Quando, em 2016, apresentou o álbum "Joanne" ao mundo, o feedback foi de que se tratava de um lado mais calmo e sensível de Gaga. Quem estava habituado às excentricidades, rendeu-se à simplicidade de músicas calmas como Million Reasons e Sinner's Prayer. Mas o que é que esteve por detrás deste álbum? É isso que ficamos a conhecer no filme documental, que culmina na épica performance no mítico espetáculo de intervalo do Super Bowl.
  • “Homecoming”: É impossível falar em cultura pop sem falar na rainha disto tudo: a Beyoncé. Entre muitas das suas épicas performances está a atuação no festival de música Coachella, em 2018. Sem olhar a meios nem poupar recursos, a Queen B preparou um espetáculo elaborado que enaltecia a cultura negra. Claro que tudo isto era bom demais para não ser registado e para mais tarde recordar. É aí que entra o documentário “Homecoming”, que nos acompanha numa viagem pelo processo criativo, os preparativos e, claro, o espetáculo.
AQVGD – edição 80 – It's a Sin 2 AQVGD – edição 80 – It's a Sin 2

A febre dos anos 80 e do VIH

Estamos nos anos 80 em Londres. De fundo, toca Enola Gay, pelas ruas da cidade cruzam-se aqueles que vivem em liberdade e os reprimidos acabados de chegar. Nas casas, há quem lute para que uma orientação sexual diferente não destrua a família. Ora se escondem revistas de homens despidos debaixo da cama, ora se fazem rituais religiosos para curar a “doença”. Nos hospitais, assombra uma misteriosa doença que, ao que parece, só afeta homens.

É este o cenário em que se encaixa “It’s a Sin”. Ritchie, Roscoe e Colin são três rapazes que estão numa fase de autodescoberta na cidade londrina. São homossexuais e, entre o estigma vivido pela sociedade e o preconceito a que foram habituados pela própria família, nem eles próprios parecem estar confortáveis com quem são. No entanto a união faz a força. E é depois de os seus caminhos se cruzarem que formam um grupo de amigos que se vai apoiar e ajudar em todos os passos que dão.

Mas nem tudo é ficção. O novo vírus de que a série fala é nada mais, nada menos do que o VIH, e os homens da comunidade homossexual foram, nos anos 80, dos mais afetados pela SIDA. O medo da doença desconhecida, o receio de não serem aceites na sociedade e a vontade de finalmente poderem ser eles próprios faz com que este grupo de amigos tenha de passar por fases muito difíceis. No final, o amor ganha sempre, mesmo que seja considerado um pecado.

  • Caras conhecidas: A série criada por Russell T Davies conta com Olly Alexander, vocalista da banda Years & Years, que interpreta a personagem de Ritchie, e com outros atores conhecidos, como Neil Patrick Harris e Keeley Hawes.
  • Outros temas importantes: Para além da homofobia e da SIDA, o assédio sexual e moral é outra das temáticas muito abordadas ao longo da série.
  • Onde ver: A série estreou nos últimos dias na HBO Portugal e é composta por 5 episódios de 1 hora. Espreita aqui o trailer.

Créditos Finais

  • Colors à Portuguesa: A música portuguesa continua a conquistar terreno lá fora. Desta vez, foi rapper NENNY a espalhar o seu talento ao cantar Tequilla no COLORS SHOW. Ainda não ouviste? Ora aqui está.
  • “Winx, com a tua mão na minha”: Muitos 2000’s kids, tal como eu, ficam nostálgicos com esta frase. Foi com o objetivo de recordar o maravilhoso mundo das fadas Winx que a Netflix lançou nos últimos dias a série “Fate: The Winx Saga”. Se ainda não foste dar uma vista de olhos, aqui fica o trailer.
  • “Who Run The World? GIRLS!”: O documentário “Woman” estreou há uns dias na RTP2 e dá-nos a conhecer o mundo visto através dos olhos de mulheres de todas as idades, etnias e religiões. Um total de 2 mil mulheres, vindas de mais de 50 países, deram a cara para falar sobre como é viver no seu mundo. Uma visualização obrigatória, que está disponível no RTP Play.

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