Apresentando-se como um programa de fomento e aceleração de e-commerce (comércio eletrónico), o E-Commerce Experience é uma iniciativa que tem auxiliado as empresas a desenvolver estratégias para abraçar a transformação digital e fazer do meio online um aliado de sucesso.
Para tal, este programa — do qual o The Next Big Idea é um parceiro oficial — organiza um encontro por semana ao longo de cinco meses onde os players da indústria do comércio e do retalho se juntam com especialistas para aprender como melhor abordar o mundo digital.
As inscrições já estão abertas e a participação inclui o acesso a todos os encontros — até cinco colaboradores de cada empresa por encontro —, palestras, workshops, dinâmicas e visitas técnicas, oferecendo ainda coffee breaks e eventos de convívio em happy hour. Inicialmente gratuita, a inscrição passou a ter custo de 1.500 euros por empresa por sugestão dos participantes e será feita uma seleção de 20 empresas para integrar esta ronda.
Ao TNBI, Vanessa Caldas, uma das organizadoras do E-Commerce Experience, explica que durante todo o projeto serão abordados cerca de 40 temas, que vão desde o marketing a aspetos mais técnicos como modelos de SEO e, para falar nesses assuntos, serão chamados “profissionais do mercado que são especialistas”. Contudo, o maior fator diferenciador desta iniciativa, diz, passa pela quebra de barreiras hierárquicas entre oradores e participantes.
“Há momentos em que os membros das empresas [participantes] estão na plateia a assistir a um orador ou a receber mentoria, noutros momentos estão no palco”, indica a responsável, considerando que se trata de “uma troca de conhecimento” em que “num dia aprende-se, noutro ensina-se”.
Para melhor exemplificar essa natureza colaborativa e os ganhos que a aprendizagem em e-commerce pode dar, Vanessa recorda que, na edição inaugural, houve logo grandes nomes do mercado nacional a participar. La Redoute, Sport Zone, Delta Cafés, Salsa Jeans, Science4you e Sacoor Brothers são algumas das empresas cujos profissionais estiveram presentes em 25 encontros, onde se reuniram mais de 50 oradores.
O resultado, conclui Vanessa, é o modelo de formação não tradicional porque “quem está ali como orador não é exatamente um palestrante, é um profissional que já vivenciou aquilo, que tem experiência e que partilha as suas aprendizagens”. Para além disso, e sendo mais um tipo de atividade onde se esbatem as fronteiras entre participantes e convidados, existem as visitas técnicas. “Nesses casos vamos até às empresa conhecer a operação” diz a empresária, lembrando que a edição do ano passado incluiu visitas aos centros de distribuição da Sport Zone e da La Redoute, às instalações da Delta Cafés e aos headquarters da Sacoor Brothers.
Do Brasil para o Portugal, com escala em São Francisco
Realizado pela primeira vez em Portugal em 2018, o E-Commerce Experience teve a sua edição de estreia no Brasil um ano antes. Contudo, não foi em nenhum destes dois países onde Vanessa teve a ideia de criar um projeto assim.
Profissional a trabalhar em retalho desde os 19 anos, Vanessa Caldas já conta com ampla experiência no mercado empresarial, tendo, por exemplo, criado em 2009 a AmoMuito.com, uma loja online de fast fashion. Com passagens por várias empresas no Brasil e pelo globo, foi em 2015 que pensou em fazer um programa desta natureza, quando estava a trabalhar em São Francisco, cidade do estado da Califórnia, nos EUA, e grande hub tecnológico. Lá, apercebeu-se que toda a gente se estava a focar em “iniciativas e programas de desenvolvimento e aceleração para startups”, mas que “ninguém fazia [este tipo de iniciativas] para quem efetivamente paga as contas, que é o retalho e a indústria”.
Por isso mesmo, agindo quase em contra-ciclo ao movimento crescente de estabelecer incubadoras de startups, Vanessa preferiu focar-se em empresas já estabelecidas, mas que procuravam fazer uma transição para o mundo digital. Compreendendo que ainda existiam grandes desafios, a empreendedora diz é necessário “parar de olhar para o e-commerce como um custo e passar a olhá-lo como um investimento, porque pode alavancar exponencialmente uma operação, basta fazê-lo bem”. O objetivo do projeto passa então por “ajudar as empresas a tomar as decisões certas e a definir as ferramentas de que precisam”, até porque “as empresas precisam de entender o digital e o e-commerce e só depois é que contratam as startups e os serviços”, conclui Vanessa.
Querendo pôr esta ideia em prática, Vanessa e Ariel Alexandre — o outro co-fundador desta iniciativa — voltaram-se para o Brasil, onde, diz a responsável, o mercado já “é muito maduro”. Para tal, contaram com o apoio imprescindível do E-Commerce Brasil, descrito por Vanessa como sendo um instituição privada de fomento e desenvolvimento de e-commerce no país. Aliás, foi a caminho de São Paulo para o Fórum E-Commerce Brasil, evento que diz ser “o maior do mundo em e-commerce”, que a empreendedora falou com o TNBI.
Dado o sucesso da estreia, Vanessa e Ariel começaram então a pensar em outros países para exportar este conceito. Ao TNBI, a empreendedora diz que Portugal foi a escolha depois de identificarem que havia “mercado por desenvolver”, já que “o e-commerce aqui ainda estava muito atrasado”, admitindo, porém, que a “compatibilidade da língua” e, no seu caso, o facto de ter família portuguesa, foram outros fatores a pesarem na decisão.
A escolha, frisa, foi em cheio, pois o projeto foi muito bem acolhido, tendo Vanessa recolhido rapidamente apoios da LisPolis, que é um pilar essencial da iniciativa — "sem o apoio, a rede de conexões e a estrutura deles, não seria possível fazer o E-Commerce Experience", admite a empreendedora —, e da Google, descrita como “um super parceiro”.
Hoje, a relação entre as iniciativas brasileira e portuguesa é recíproca. Para a primeira edição em solo nacional foram convidados muitos profissionais brasileiros para dar palestras e, em troca, Vanessa convidou Pedro Santos, head de e-commerce do Continente, Erica Gomes, CEO da Sacoor Brothers, e Paulo Pinto, CEO da La Redoute, para o Fórum E-Commerce Brasil, que decorre nos próximos dias 16, 17 e 18 de julho.
Para esta próxima edição do E-Commerce Experience, a expectativa de Vanessa é de “continuar a levar conhecimento às empresas” como ocorreu em 2018, porque o trabalho está longe de estar concluído. Apesar de considerar que “algumas operações em Portugal já estão muito bem encaminhadas”, a responsável diz que é necessário “um grande movimento”, que já começou a ser alavancado com as participações do ano anterior. “É preciso que as empresas acordem, para que entendam que não é opção estar ou não na Internet. É preciso dar esse passo”, conclui.
[Notícia atualizada às 15:14]
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