“Num mundo em crise e profunda mudança, onde a agenda digital nos convoca para novos desafios no mundo do trabalho, na organização da sociedade, nas mudanças nas nossas democracias, temos a obrigação de aprofundar as políticas públicas de igualdade e inclusão digital”, afirmou Ana Catarina Mendes na 67ª sessão da Comissão das Nações Unidas sobre o Estatuto da Mulher (CSW67), que decorreu em Nova Iorque.
Segundo a ministra com a tutela da igualdade, as novas tecnologias têm potencial para trazer “grandes benefícios” para as mulheres, mas “importa que sejam usadas de forma equitativa para evitar agravar as desigualdades de género”.
Intervindo neste órgão intergovernamental dedicado à promoção da igualdade de género, a governante referiu que se vive um “momento particularmente marcado por alguns retrocessos nos direitos das mulheres e raparigas”, os quais poderão ser travados com políticas públicas que valorizem a igualdade de oportunidades.
No debate geral da comissão, Ana Catarina Mendes salientou ainda que Portugal tem desenvolvido uma “intervenção estrutural e transversal” nesta área, apontando o exemplo de uma iniciativa nacional que apoia projetos direcionados a raparigas para o desenvolvimento de competências digitais e para o acesso a estudos superiores na área da digitalização e inteligência artificial.
“Aprovámos, em 2018, uma nova Estratégia Nacional para a Igualdade e Não Discriminação, alinhada com a Agenda 2030, e que imprime a necessária perspetiva de género também às áreas da mudança tecnológica, e educação na era digital para alcançar a igualdade de género e o empoderamento de todas as mulheres e raparigas”, sublinhou a ministra.
Ana Catarina Mendes adiantou ainda que vários estudos sugerem que a desigualdade de género no plano digital é “essencialmente um resultado da persistência de fortes estereótipos de género e preconceitos sobre o que é apropriado para mulheres e homens”, atribuindo-se capacidades diferenciadas a cada sexo.
Para combater estes estereótipos, o Governo “tomou medidas concretas”, avançou a ministra, apontando o exemplo do programa Engenheiras por um Dia, que leva jovens raparigas às universidades para as áreas tecnológicas e das tecnologias de informação e comunicação, “demonstrando que não há profissões para homens e profissões para mulheres”, disse.
“Há profissões e todos devem ter o direito ao seu acesso em igualdade salarial, conciliação da vida pessoal, profissional e familiar, os mesmos horários, as mesmas tarefas”, defendeu Ana Catarina Mendes.
A edição deste ano da CSW67 teve como tema a “inovação, a mudança tecnológica e a educação na era digital para alcançar a igualdade de género e o empoderamento de todas as mulheres e meninas”.
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