Portugal é o sexto país que mais financiamento recebeu do DNI, depois de Alemanha (21,5 milhões de euros), França (20,1 milhões), Espanha (12,1 milhões), Itália (11,5 milhões) e Reino Unido (14,9 milhões), de acordo com o relatório do DNI hoje divulgado.
Quase metade dos projetos (49%) apresentados por Portugal foram para a exploração de novas tecnologias, 24% para o combate à desinformação, 15% para a divulgação de histórias locais e 12% para o impulso das receitas digitais.
No global do fundo de 150 milhões de euros, “financiámos 662 projetos em 30 países em toda a Europa”, disse à Lusa Madhav Chinnappa, diretor de desenvolvimento do ecossistema de notícias da Google.
“Acho que todos os projetos são fantásticos”, referiu, destacando, no caso português, dois, entre os quais o do jornal ‘online’ Observador, com o seu serviço de rádio ‘online’, que recebeu um financiamento de 390 mil euros.
“Este movimento para o áudio e desenvolvimento do serviço de voz foi muito interessante porque tem sido bem sucedido” e é “um exemplo interessante de inovação”, considerou Madhav Chinnappa.
Outro dos projetos é o Nónio, uma plataforma tecnológica única criada pelos maiores grupos de comunicação que oferece conteúdos personalizados.
“O Nónio tem a capacidade de inspirar a indústria” e também envolve a colaboração, acrescentou.
“As pessoas estão a perceber como podem colaborar e em que podem competir, em vez de competir em tudo. Vamos ser mais sábios e escolher onde competir e onde podemos colaborar. Acho que essa tendência de colaboração vai continuar, o que é bom”, considerou o responsável.
“A colaboração em todas as formas é importante e a pandemia demonstrou o quão interconectados estamos”, disse Madhav Chinnappa.
Entre as várias entidades que receberam financiamento do DNI, desde que foi lançado em 2015, constam, além do Observador e da Plataforma de Media Privados (PMP), a Lusa, a Cofina Media, Impresa, INESC, Público, Universidade do Porto, Global Notícias ou a Empresa Jornalística Região de Leiria, entre outros, refere o relatório do DNI.
Em termos globais, mais de um quarto (27,2%) dos projetos apoiados pelo DNI foram para ‘publishers’ de âmbito regional e nacional, e 14,5% para ‘startups’ de notícias.
As agências de notícias e organizações sem fins lucrativos representaram 14,2%, os ‘publishers’ locais 11% e as organizações unicamente ‘online’ 10,4%.
Ainda por tipo de organizações apoiadas pelo fundo, as instituições académicas representaram 3% e a televisão 1,8%, tal como a rádio.
No global, o fundo DNI apoiou projetos que abordam quatro principais desafios da indústria: aumentar as receitas digitais (12%), contar histórias locais (15%), combate à desinformação (21%) e explorar novas tecnologias (52%), de acordo com o relatório.
“Foi uma experiência fascinante porque tivemos seis rondas de financiamento”, apontou Madhav Chinnappa.
No início, foi criado o fundo assente nas respostas dos ‘publishers'”, há cerca de cinco anos, sobre como é que a indústria de media poderia ser ajudada.
“Criámos um fundo de inovação para as notícias e nem sequer definimos o que era a inovação, deixámos isso o mais aberto possível”, prosseguiu.
Considerando estes cinco interessantes, o responsável adianta que foram analisados neste período “mais de 5.000 projetos”, onde se pode observar “como as pessoas definem ideias e o que consideram inovação”.
E, por isso, “é que mais de metade dos projetos que apoiámos têm a ver com nova tecnologia, como envolvemos as audiências”, acrescentou.
Mas com o tempo, em resposta às preocupações dos ‘publishers’ sobre os problemas do ecossistema de media, as rondas seguintes passaram a ter o foco em como obter receitas dos leitores e também “tentámos colocar foco no local”, explicou Madhav Chinnappa.
Por isso, “temos um conjunto de projetos nessas áreas, o que é interessante”, considerou o diretor de desenvolvimento do ecossistema de notícias da Google.
Segundo o responsável da Google, o apoio ao ecossistema dos media vai continuar, através dos vários instrumentos que a empresa dispõe.
“Mais colaboração, mais debate, mais desenvolvimento e mais formação” no setor, este é um movimento que “não pode parar”, defendeu o responsável.
“Temos um compromisso a longo prazo, somos uma empresa de ecossistema e prosperamos quando os ecossistemas em que operamos prosperam”, salientou.
Questionado sobre o fundo DNI foi positivo para o setor dos media, Madhav Chinnappa afirmou: “Espero que sim, mas não me cabe julgar”.
O responsável deixa essa avaliação para os “donos dos 662 projetos ou, ainda antes disso, para os mais de 5.000 que se candidataram” ao fundo, pois são “eles que devem avaliar se foi positivo ou não”.
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