Os reguladores das comunicações nos Estados Unidos da América autorizaram a Google a implementar uma nova tecnologia de deteção de movimentos no mercado. Apelidada de Project Soli, esta ferramenta pretende revolucionar o controlo de funções tecnológicas ao permitir controlar aparelhos apenas com gestos com as mãos.

Como reporta a agência Reuters, a Federal Communications Commission (FCC, ou Comissão Federal de Comunicações, em português), orgão responsável pela regulação das telecomunicações nos EUA, emitiu uma ordem na passada segunda-feira, 31 de dezembro, que garante à Google a permissão para operar os sensores do Soli a níveis de intensidade acima dos atualmente permitidos.

A FCC justificou a decisão, dizendo que este projetos “vai servir o interesse público ao providenciar funções inovadoras de controlo de aparelhos ao usar tecnologia touchless de movimentos com as mãos”.

Desenvolvido pelo ATAP (Advanced Technologies And Projects), um departamento de inovação da Google, o Soli utiliza tecnologia radar - utilizada, por exemplo, em navios e aviões - para captar movimento num espaço tridimensional, o que, segundo a empresa, suplanta a capacidade de deteção feita a partir de imagem (feita com câmaras).

A empresa informa que o sensor permitirá funções como carregar num botão invisível ao pressionar o polegar contra o indicador ou rodar um mostrador ao esfregar esses dois dedos (pense no movimento do “violino mais pequeno do mundo”) para selecionar opções, sem ter de tocar num ecrã ou num teclado.

Sendo virtuais, a Google defende que as interações nestes controlos ainda assim “parecem físicas e responsivas”, pois a resposta dos aparelhos dá-se perante a sensação tátil dos dedos em contacto um com o outro. Este tipo de avanços, defende ainda a tecnológica detida pela Alphabet, Inc., pode ser muito útil para pessoas com dificuldades de mobilidade e/ou fala.

Inédita, este tipo de tecnologia já foi antecipada em vários marcos do cinema de ficção científica, desde os computadores na central de previsão de crimes manipulados por John Anderton em "Relatório Minoritário" até às luxuosas instalações de Tony Stark em "Homem de Ferro". A empresa californiana defende agora que esta tecnologia poderá ser implementada em todo o tipo de aparelhos, deste smartwatches até veículos.

A decisão da FCC remete para um pedido que a Google fez em março do ano passado, para permitir que o sensor passasse a operar na banda de frequência de 57-a-64-GHz com uma potência consonante com os  padrões do Instituto Europeu de Normas de Telecomunicações (ETSI).

Perante esta ação, a Facebook levantou questões quanto à possibilidade deste aumento poder interferir com outros tecnologias wireless, mas em setembro ambas as empresas chegaram a um acordo para que a Google pudesse operar com maior potência, se bem que menor do que a inicialmente proposta.