Trata-se de uma profissão com remunerações variáveis, que dependem do número de visualizações dos vídeos, às quais podem acrescer extras, decorrentes da publicidade feita pelos ‘youtubers’. Cada ‘youtuber’ tem a sua “tabela de preços”, que variam em função do número de subscritores do canal.
Inês Rochinha, do canal mymakeupsecret (119.239 subscritores na sexta-feira), contou à Lusa que antes do AdSense (serviço de publicidade oferecido pela Google) chegar a Portugal “não existiam formas de rentabilizar os vídeos, visto que nenhuma ‘network’ (rede) o conseguia fazer”.
“O YouTube só valida as visualizações pagas se estas responderam a certos requisitos. O valor exato não existe, pois todos os meses o CPM (preço por 1.000 visualizações) varia”, explicou Carina (que adota como apelido o nome do seu canal), do Carina Muito à Frente (18.071 subscritores), no YouTube desde 2010.
Inês Rochinha acrescentou que o CPM é somado no final de cada mês e a percentagem do valor é dividida entre a ‘network’ e o ‘youtuber’.
“As empresas, através do ‘marketing’ digital, estão a aprender a lidar com estes novos conceitos e, apesar de apreensivas, começam a dar pequenos passos no mundo do YouTube e a entender o nosso potencial enquanto indivíduos e profissionais da área”, referiu.
“Quanto mais partilhas e subscritores tiver um canal, mais visualizações terão os vídeos”, concluem Bruna e Bárbara Corby, do canal Corbyssimas (39.025 subscritores), contudo, sublinham que “os valores variam essencialmente consoante o número de visualizações dos vídeos e as parcerias com marcas”.
Adriana e Ilda, do canal Adriana-Ilda (51.109 subscritores), adiantaram que, além de ganharem dinheiro com as visualizações dos vídeos, a publicidade a marcas e empresas se tornou também numa forma de rendimento.
No que respeita às consequências de ganharem dinheiro com o YouTube, as opiniões são distintas. Adriana e Ilda defendem que não será benéfico que o 'youtuber' “se deixe consumir pelo rendimento que quer fazer”, enquanto Carina aponta vantagens: “mais criatividade, mais conteúdos e mais qualidade nos vídeos”.
Já Inês Rochinha acredita que “o dinheiro acaba por ser um dos fatores motivacionais para continuar", uma vez que “reflete-se em novos equipamentos e formação”.
Em relação ao crescimento dos canais, Adriana e Ilda defendem que a “popularidade que os vídeos ‘online’ ganharam no último ano” influencia de forma positiva o crescimento, enquanto Bárbara e Bruna Corby consideram que há uma ligação direta entre os vídeos que publicam e o crescimento do canal, referindo que há “alturas cruciais”, como o Natal, o verão e o regresso às aulas.
Catarina Beato, que tem o blogue 'Dias de uma princesa' há quase 12 anos, apostou num canal no YouTube há cerca de um mês (1.021 subscritores) e fala em dois “mundos completamente diferentes”: “O YouTube é o canal de comunicação dos adolescentes, rápido, direto, muito direcionado. Eu confesso que gosto mais da leitura, dessa relação menos visual. E acho que a minha geração - que é quem me lê [no blogue], concorda”.
Para o diretor da Blog Agency - agência que gere blogues, contas de Instagram e de Facebook -, “são mais os que pensam que é fácil ganhar dinheiro com o YouTube do que os que têm real noção das respetivas dificuldades”, sustentando que “produzir conteúdos com potencial viral é muito trabalhoso e dispendioso”.
Francisco Gautier entende que para desenvolver a comunidade de seguidores os canais devem ter “uma programação” como qualquer televisão e dá um exemplo: “Todos sabemos a que horas passa o telejornal que mais gostamos de ver”.
Francisco Gautier considera que os ‘youtubers’ podem tornar-se ‘opinion makers’ (formadores de opinião) e defende que os “canais de YouTube devem ser geridos provocando a mesma expectativa que criam as novelas”: “Se ficarmos ansiosos pelo próximo vídeo então é porque o ‘youtuber’ em questão está a ter sucesso com a sua estratégia de comunicação”.
Hoje e no domingo decorre a terceira edição do VidYou Festival, no Porto, que quer contribuir para o crescimento da comunidade YouTube em Portugal.
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