Não se está jornalista, é-se jornalista. E ainda bem. Um jornalista não é, não pode ser isento a cem por cento. É humano, logo, tem uma opinião. A realidade atinge-nos e provoca sentimentos, obriga-nos a reflexões. Até a mudanças de opinião.
Uma crónica é isso: uma opinião. Não é uma notícia nem uma reportagem. Consiste numa visão pessoal de alguém que é também jornalista e, enquanto profissional, se expõe neste registo mais íntimo. Assim, quando expressamos a nossa opinião, podemos fazê-lo por múltiplas e boas razões, são as nossas. Só lê quem quer. Não é, decerto, matéria para manchete de jornal ou abertura de telejornal. É uma perspectiva, um ângulo, muitas vezes fruto da experiência.
Há quem tenha dificuldade em perceber esta dimensão, quando um cronista opina e vai ao desencontro de alguém ou de algum poder instituído (mais uma vez, de alguém). A democracia é tramada. As pessoas têm direito a opinião – algumas são convidadas a dá-la em plataformas mais vastas. Uma chatice, quando estamos em desacordo; uma alegria, quando concordamos.
Para mim, numa opinião pessoalíssima, o melhor mesmo é quando uma crónica me faz refletir, encontrar outros caminhos, ou vislumbrar o que até aí não me tinha ocorrido.
Leio muitos cronistas. Gosto mais de uns do que de outros. Muitas vezes, concordo que discordo. Sem acusações. Acho que a função de quem leio se cumpre; a minha, enquanto leitora, também.
Serve este intróito para dizer que a crónica de 28 de junho (na qual não há uma inverdade, além de ser, e continuar a ser, a minha opinião), sobre a falta de apoio na Praia do Meco, chateou algumas pessoas e fez feliz outras tantas.
Missão cumprida? Sim, diria que sim. Sem acusações, que sempre é mais elegante.
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